<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6455201\x26blogName\x3dsomatos+\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://somatos.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://somatos.blogspot.com/\x26vt\x3d4741292353555344611', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

novembro 30, 2004

se digo que vou ficar quieta, presta atenção, porque não me irei mexer.
ficarei ali, no canto, sossegada, imperceptível dir-se-ia.
dizes-me para ficar quieta, e fico. vês como fico? arranca essa cara de espanto e grita comigo. a coisa que mais me irrita é o silêncio que não condiz com a raiva que se esconde nas tuas rugas. pensas que és capaz de te esconder de mim assim? pensas que vales mais? pensas realmente que és melhor? pensa mais um pouco.
demora o teu tempo. vai passear. leva um livro qualquer e atira-o ao mar. sente-lhe a falta. ou finge-a.
e quando regressares, lembra-te que ainda estarei lá. quieta.

...declaro através do presente documento a minha decisão de rescindir o contrato bancário existente em meu nome junto da instituição bancária denominada...

o descaramento! telefonam-me às 7h30 para saber por que motivo quero fechar a conta!
posso fechar a conta, não posso? sorriso a fazer de barreira intransponível.

novembro 29, 2004

lindo, não é? tréguas durante o cerco de tróia Posted by Hello
durante a viagem que fiz pela grécia, há uns anos atrás, um livro apenas me acompanhou. no percurso nocturno de ferry entre o pireu e hania, na ilha de creta, o sono não vinha ter comigo mas, por muito que tentasse concentrar-me na leitura, os ruídos das pessoas e dos animais que por ali andavam, à  mistura com a artificialidade dos popular shows naqueles canais de televisão inacreditáveis que agora também se encontram por cá, teimavam em desviar-me a atenção. e ainda bem que o conseguiam.

admiro-lhe o uso objectivo e quase impessoal da língua inglesa. senti-me, durante toda a leitura, transportada para aqueles labirintos, esquecida entre o pó e o desprezo.


what is resumed in the word alexandria? in a flash my mind's eye shows me a thousand dust-tormented streets. flies and beggars own it today - and those who enjoy an intermediate existence between either.
five races, five languages, a dozen creeds: five fleets turning through their greasy reflections behind the harbour bar. but there are more than five sexes and only demotic greek seems to distinguish among them. the sexual provender which lies to hand is staggering in its variety and profusion. you would never mistake it for a happy place. the symbolic lovers of the hellenic world are replaced here by something different, something subtly androgynous, inverted upon itself. the orient cannot rejoice in the sweet anarchy of the body - for it has outstripped the body. i remember nessim once saying - i think he was quoting - that alexandria was the great winepress of love; those who emerged from it were the sick men, the solitaries, the prophets - i mean all who have been deeply wounded in their sex.

lawrence durrell, the alexandria quartet (london, faber & faber)
o incendiário inspirou aquele perfume nauseante com um sorriso lânguido.
corpos calcinados eram o seu fetiche.
bd/ilustração Posted by Hello

lorenzo mattotti
simplicidade


novembro 28, 2004

teus olhos fechados debaixo dos carinhos da minha mão no teu cabelo. vejo-te dormir. lábios de sono latente.
e a tua mão naquela curvatura da minha anca, não imaginas como a sua quietude me faz cair no sono e, ao mesmo tempo, não me deixa dormir.

deixas-me tocar-te? toco-te. agarro-te. devagarinho, arranco pedaços de ti. e a mão que ia arrancar esses pedaços passa através da pele e da carne, desmaterializa-se. e subitamente quero recolher esses pedaços soltos.

novembro 26, 2004

diário de um gimniófobo [vi]

como podia a nudez ser algo de culpável se era tão doce e tão mansa e tão luminosa?
se calhar só a vira como tristemente ignóbil porque a desejava. oh, e como a desejava!
queria conseguir estar nu. cheio de nudez e ver na nudez dos outros apenas essa claridade de pele.
a saída da sala de aula, cheia de nus familiares, era, porém, sempre traumática, porque me conduzia à realidade, ao mundo real, às pessoas realmente nuas, aquelas que gritavam essa nudez tão séria. naquele dia, a caminhada até ao parque acalmou-me, achei graça aos cães que pululavam de energia e obediência arianas. o sol trespassava o verde da relva com um sorriso invejável. sentei-me debaixo de uma velha nogueira e fechei os olhos, sentindo o ondular galhofeiro do vento.
Blogger cassandra disse...

larga lá o beijo, tá?

29/11/04 20:56  

diz ...

por estes dias, a mischka é a gaja mais bonita da vizinhança. Posted by Hello


aoi kaze ga ima
mune no DOA wo tataite mo
watashi dake wo tada mitsumete
hohoende'ru anata

Zankoku na Tenshi no Te-Ze (tema de abertura de Neon Genesis Evangelion; voz: takahashi youko; letra: oikawa neko)


tradução do francês (peço desculpa, ainda estou no finlandês):

um vento azul bate agora
à porta do teu coração e, no entanto,
tudo o que fazes é olhar-me
e sorrir.
não sei se é do tempo, se é esta névoa anti-climática provocada pelas pontuais dores no antebraço (o nome é distensão muscular), mas sinto-me ou estou esquisita, nem sei dizer bem. quero-me só. a casa está vazia e agrada-me este silêncio com alessandro scarlatti a bater nas paredes e tectos.
para ti... Posted by Hello

Blogger LN disse...

Brilhante sequência de posts: na cadência, forma e conteúdo.

Fiquei ainda mais rendido aos encantos deste blog.

26/11/04 10:09  
Blogger cassandra disse...

grazie (semana de itália por aqui).

26/11/04 19:35  
Blogger Alexandre disse...

ve(ne)noso

27/11/04 20:00  

diz ...

é no escuro que escorregas
para dentro de mim,
sem ver,
sem olhar,
como se já soubesses o caminho de cor.
bd/ilustração Posted by Hello

paolo eleuteri serpieri

todos os homens sonharam com ela, de olhos bem abertos...

não digo o que sinto no escuro
ao teu ouvido
e sinto o ar quente
matar, ardente,
o frio.
conjugação não-verbal
Posted by Hello

make me sway

like a lazy ocean hugs the shore

bend with me

sway with ease

stay with me

sway with me

i can hear the sound of violins long before it begins

sway me smooth, sway me now
não sou a única obcecada por mãos e, em particular, por esta disposição dos membros superiores.. [ii] Posted by Hello



edvard munch, the hands (1893)
Blogger Carla de Elsinore disse...

não és não

26/11/04 20:07  

diz ...

diário de um gimniófobo [v]

foi então que vi no bater amorável de asas daquela borboleta algo em que nunca tinha pensado, a fragilidade da nudez natural. que defesa tinha aquele pobre bichinho? E que poder tinha uma folha seca? que tonturas podia a terra impedir?
foi magia. quando a borboleta pousou no meu polegar e aquela penugenzinha acariciou, tontamente, como uma virgem que não tem medo de nada, porque tudo desconhece, a minha pele áspera e quase insensibilizada pela aridez do meu carácter, tudo eclodiu, toda a ilusão se fez realidade. o meu medo, os meus medos, existiram, nesse instante, como que apressados em acorrer‑me ao pensamento, todos de uma vez, de uma só vez, tentando sufocar-me com um gemido imenso.

novembro 25, 2004

não sou a única obcecada por mãos e, em particular, por esta disposição dos membros superiores... [i] Posted by Hello



edvard munch, ashes (1894)

janelas, portas fechadas. vasos nas varandas estreitas. lençóis estendidos, a escorrer água. gatos observadores. vozes concertadas, sombras perfumadas, cortinas vivas, comida no ar. brincadeiras de miúdos. o barulho dos travões de uma bicicleta numa rua estreita. escadarias sem destino.
talhos iluminados passam por discotecas (© animah). risos inquestionáveis e sem dono. uma mão fria, a outra aconchega-se junto de uma outra, naturalmente quente.

e portas abertas?

bd/ilustração

françois schuiten & benoît peeters
arquitectos de palavras que ficam suspensas
Posted by Hello

novembro 24, 2004

warning:
dangerous conversation level.
please, leave the area if you are a) unprepared, b) bored or c) disgusted.
ele saberá melhor que nós... com muita pena minha.

hoist that rag é hino por aqui.

Blogger R2D2 disse...

Por aqui (casa) tb não sai do aparelhómetro musical.
Eu não tenho pena, tenho é inveja, muita inveja.

Cumprimentos

24/11/04 14:22  
Blogger cassandra disse...

compreendo-te perfeitamente...

24/11/04 22:59  

diz ...

novembro 23, 2004

diário de um gimniófobo [iv]

uma borboleta branca entrara por não se sabe que buraco e aquela simples borboleta de um branco leitoso bastara para me fazer sorrir agastado com a perda de tempo que as aulas constituíam. aquela borboletazinha de um branco invisível bastou-me para me sentir feliz. de uma felicidade ébria, injustificada, dolorosamente próxima de um fim que se sabia abrupto. lá fora, outras borboletas deviam estar a brincar às escondidas por entre troncos, névoa e arbustos. lá fora, vivia-se.
a voz do professor, monocórdica, embaladadoramente entediante, prosseguia em explanações ocas de importância para um jovem. um qualquer jovem que se sentisse feliz com uma borboleta branca que se aproximasse, sorridente, para brincar.

(n.a.: a estrutura anafórico-pleonástica é intencional. é sempre tudo intencional por aqui...)
bd/ilustração Posted by Hello

milo manara
sempre que leio un été indien fico molhadinha e aberta a sugestões...



(n.b.: esta imagem não é retirada desse álbum)
Blogger Unknown disse...

eu já tive nas mãos um baralho de tarot do Manara. menina.. até o papel transpira :>

23/11/04 22:35  
Blogger Carla de Elsinore disse...

para minha infelicidade, parece-me agora tão óbvio, nunca fui mutio dada a bd.

24/11/04 01:28  
Blogger j disse...

Que inveja eu tenho do Manara!
Eu sei! Eu sei que a inveja é um pecado...

3/12/04 14:55  

diz ...

desejo, paz e espanto.
tudo num amplexo único e multíplice, em simultâneo.
eu toda reajo: pele, seios, garganta, costas, frestas humedecidas que aguardam...
quero pôr em palavras o que o meu corpo deixa por dizer, mas já não sei que língua falo ou se saberei falar.
vibro. sei que vibro, porque um sopro ressoa pelos meus ossos e um alento anímico vai escapando sem angústias ou culpas da minha boca, carregado de uma doçura que não se sabe de onde veio e de uma animalidade que se acreditava controlada.
heróis de outros tempos 3: bacchus Posted by Hello



leonardo da vinci, bacchus (1510-1515)

novembro 22, 2004

tínhamos de andar um bocado a pé, da estação do metropolitano à casa dela. parámos no caminho, debaixo de uma árvores, e começámos a animar as coisas. meti-lhe a mão pelo vestido acima e ela desatou às voltas com a minha braguilha. estávamos encostados ao tronco. era tarde e não se via vivalma. se quisesse, poderia deitá-la no passeio à vontade.
ela acabara de me tirar a picha para fora e abria as pernas para a enfiar, quando, de súbito, nos caiu em cima, vindo da copa da árvore, um enorme gato preto, a miar como um danado. quase morremos de medo, mas o gato apanhou um susto ainda maior, pois as garras ficaram-lhe presas no meu casaco. tomado de pânico, desatei a bater-lhe, e, em troca, fui bastante mordido e arranhado.

henry miller, sexus (lx, livros do brasil, 2002)
Blogger Alexandre disse...

li-o quando tinha 10 anos. acho que foi a primeira vez que li a palavra "cona" impressa.

23/11/04 10:37  
Blogger cassandra disse...

li aos 11 anos :)

23/11/04 14:37  
Blogger Carla de Elsinore disse...

eu entrei na coisa um pouco mais tarde, talvez aos 12 ou 13. risos. qualquer coisa como nexus, plexus, não me lembro bem. recordo-me isso sim que vim a gostar mais da anais nin. coisas de gaja.

23/11/04 18:33  

diz ...

a 22 de novembro de 1869, nascia em paris andré gide.
ele é um dos dois autores alguma vez colocados no index librorum prohibitorum (qualquer católico romano que se prezasse não o podia ler).

"quando se começa a escrever, o mais difícil é ser sincero"
[ii]

era capaz de ficar horas a fio a observar-te e ainda assim chegar à conclusão que nada sei sobre ti. o teu nome, a tua idade, de onde vens, que língua falas, não me dizem nada. mas quando aprisionas uma mecha de cabelo de volta num gancho velho sei que queres concentrar-te no que fazes. e quando sopras o chá antes de o beber, percebo que tens medo de te atirar de cabeça no perigo, mesmo que ele te atraia. e se gostas das roupas desarrumadas em cima de uma almofada no chão é porque preferes não perder o tempo precioso que é todo teu em coisas inúteis que não valorizam o espírito. gosto de ver o teu seio e a sua sombra na parede do quarto. é estranho, quente e está vivo. percebo que está vivo quando, devagarinho, os meus dedos o tocam como se de um tesouro se tratasse.
ai, cigana...! Posted by Hello

bd/ilustração

jose carlos fernandes, a pior banda do mundo vol. 3: as ruínas de babel (devir, 2003)


18. a procrastinação sequencial

sebastian zorn, serrilhador de selos e líder da pior banda do mundo, considera a hipótese de dilatar o seu leque de incompetências matriculando-se na escola superior da falácia e diletância.

[prof. hildebrando lutz]
- esta instituição mantém-se fiel ao espírito do seu fundador, o dr. gregório khazar, eminente nefelibata e pioneiro da engenharia burocrática... que, como sabe, visa a produção de um mínimo de trabalho com um máximo dispêndio de papel. um dos cursos que lhe recomendo é o de retórica extemporânea.

[sebastian zorn]
- não estou interessado, obrigado. todos os dias me cruzo com pessoas que possuem esse diploma... o motorista do táxi que aqui me trouxe brindou-me com uma prelecção sobre o colapso do sistema nacional de saúde e outra sobre a possibilidade de existência de vida em ganímedes! tudo a pretexto de eu não ter dinheiro trocado para lhe pagar!

- mas há muito mais cursos, sr. zorn, e todos com as melhores referências! os nossos licenciados em contabilidade estocástica e gestão zen de empresas já levaram à falência centenas de empresas. animados por estes excelentes resultados, vamos iniciar no próximo semestre um mestrado em derrapagem financeira, destinado a directores-gerais, altos comissários e outros gestores de dinheiros públicos.

- ...

- estamos também plenamente satisfeitos com a licenciatura em divergência sistemática, embora surjam alguns problemas quando é necessário marcar as datas dos exames. mas o nosso orgulho é o curso de procrastinação sequencial: até à data ninguém o concluiu!

- é um curso recente, presumo...

- os primeiros alunos, que estão agora no 3º ano, entraram há 28 anos.
http://www.2046.jp

gostei.
gostei muito.
foi uma noite preciosa a que se seguiu...
[i]

quando a tua mão esbarra na minha coxa mais forte e violento é o meu desejo de a agarrar e apertar até ver o sangue correr por detrás da pele como se o acordasse de um sono eternizado pela tua quietude de mulher. quando te deitas na sombra do quarto, à procura do canto mais fresco, levas o sol contigo. todo o teu corpo, prenhe de juventude, se revira e a luz dentro dele refulge cada vez que mexes a anca desejada ou voltas o rosto para mim ou quando um dedo involuntariamente cintila junto da tua boca. esticas uma perna com cheiro de mulher e os teus cabelos parecem serpentes a deslizar pelas tuas costas.
dizem que este blog anda cinzento? já vi piores... Posted by Hello



sabine schoenberger
Blogger Paulo Ribeiro disse...

Olá,

Era literal. Durante uns dias, quando tentava abrir o blog não aparecia nada, apenas a página a cinzento. Era uma "chamada" para as avarias.

Paulo Ribeiro

23/11/04 12:48  
Blogger cassandra disse...

:) sim, tive problemas dessa natureza. puro desleixo e namoro...

23/11/04 14:27  

diz ...

novembro 20, 2004

chego a respirar o mesmo ar. fico presa também eu ao peso das palavras.

diz jpn:

saberão eles para onde vão? estou preso a este par. na muldidão do sururu do café que se foi enchendo estou obcecado por eles. comecei a compreendê-los através das personagens que se enunciam. e se é cinismo, um profundo cinismo que me anima por todos nós, esse cinismo é também marca de um humanismo que diante da condição humana continua em fase crescente.
heróis de outros tempos 2: theseus Posted by Hello



sir edward burne-jones, theseus in the labyrinth (1862)
heróis de outros tempos 1: perseus



sir edward burne-jones, the perseus series: the doom fulfilled (1884-85)

novembro 19, 2004

beija-me toda.
não a boca,
não o seio,
não a pele quente da coxa:
toda.

Blogger inês s. disse...

toda. nunca menos do que isso.

20/11/04 17:52  
Blogger Carla de Elsinore disse...

eu já tinha visto este post ontem à noite. ainda não estou capaz de o comentar.

20/11/04 18:32  
Blogger cassandra disse...

são exigências amorosas...
abraços :)

20/11/04 21:31  

diz ...

eu tinha planos.
planeava pintar o sítio onde durmo de vermelho, amarelo ou laranja.
planeava arrumar o estúdio onde crescem desordenadas colecções de roupa, papéis, livros e cds.

o almoço aos beijos debaixo de um sol libertador/libertino (riscar o que não interessa) e à tarde escorrego numa casa-de-banho de serviço numa livraria com crónicos problemas de higiene e segurança.
resultado: acidente de trabalho. do mal o menos, não parti óculos nem ossos. e vivam os seguros de trabalho!

planos adiados, claro está.
assim, tenho tempo para decidir se quero realmente vermelho... ou se os meus sonhos poderão ser mais com um amarelo ou com um laranja.

novembro 17, 2004

caros bloguistas credenciados e demais frequentadores deste burgo que tanto vos preza,

a tabela de estações e apeadeiros por onde a direcção vai passando está a ser actualizada e estará novamente visível logo que tenha tempo para o fazer.

a direcção, moi même, agradece a paciência e a impaciência com sorrisos semelhantes...
senhores e senhoras, já há sandman em português!
(ao vivo e a cores, espero que em todas as livrarias do país)
Blogger R2D2 disse...

nunca mais é final do mês.
obrigado.
cumprimentos

18/11/04 10:03  

diz ...

novembro 16, 2004

senhora d. cassandra:
por favor não se ofenda com esta minha carta. eu tenho lido o que a senhora escreve e tenho pensado muito em si. acho que é uma pessoa muito boa e inteligente. se alguma vez precisar de alguém para limpezas e outros trabalhos aos sábados (aos outros dias de momento não posso, porque estou empregada numa casa muito boa) lembre-se de mim, sou uma rapariga muito amiga de trabalhar e não dou problemas.

apresento-lhe os meus cumprimentos,

m.
Blogger Carla de Elsinore disse...

não há outra forma de pôr a questão: gosto desta casa -e já agora se a m. tiver uma amiga, ou assim...

17/11/04 15:51  

diz ...

novembro 14, 2004

é uma questão importante, esta que a sofia levantou, acerca do papel que determinado algarismo tem no nosso quotidiano. há quem não se dê realmente conta da presença de um tal animal, mas somos muitos os que percebem a consequente influência do número naquilo que vamos fazendo e sentindo.

7

o 7 é o número da vida, representa a união perfeitamente harmoniosa do espírito à matéria. para os egípcios, era o símbolo da vida eterna; para os gregos, era sinal de uma mudança depois de uma renovação positiva e da conclusão de um ciclo. simboliza também a totalidade espacio-temporal. o sabbat, o 7º dia após a criação, não é um dia de descanso, mas um dia de coroamento da perfeição da criação. o 7 constitui, per se, um poder.
Blogger Unknown disse...

:)
Deixo-te uma cena que vi num blog por aí há uns tempos, (tenho de arranjar este livro)


" As matemáticas, escrevia J. W. Sullivan num texto admirável de 1925, são «tão "subjectivas" como a arte», «produto na mesma medida de uma imaginação livre e criadora». A revelação da realidade a que procedem é também a revelação de uma ordem poética:

A significação das matemáticas reside justamente no facto de estarmos perante uma arte; informando-nos sobre a natureza do nosso espírito, informam-nos sobre múltiplas coisas que dependem dessa natureza. O que nos permitem não é explorar uma região longínqua daquilo que existe desde toda a eternidade; mas contribuem para nos mostrar como aquilo que existe depende da nossa maneira de existir. Somos os legisladores do universo; é inclusivamente possível que não experimentemos nada além do que criámos, e que a maior das nossas criações matemáticas seja o próprio universo material."

George Steiner, in "Gramáticas da criação", trad. de Miguel Serras Pereira, 2002 Relógio D'Água

14/11/04 19:22  

diz ...

lisabetta era como porta fechada à qual de nada servia bater; as pessoas esperam do outro lado, sorridentes e acolhedoras, e a porta não se abre. ou talvez não soubesse bater como devia?

carlo coccioli, o jogo (lx, editores associados/ulisseia, s.d.)

novembro 13, 2004

vejam se descobrem uma maneira de ver any way the wind blows de tom barman.

http://www.anywaythewindblows.com/

novembro 12, 2004

clientes de uma sexta-feira embrutecida (parte i de iii)

- boa noite. eu queria livros sobre o amor. em inglês.
- bem... mas um romance, é isso?
- não exactamente.
- hmm... um livro sobre relações afectivas?
- não, não... sabe, eu tenho uma amiga que teve uma depressão recentemente e... bem, ela já teve tantas relações difíceis que agora, de repente, deixou de acreditar que é capaz de sentir amor. queria qualquer coisa que lhe mostrasse que ela é capaz de um sentimento assim... grandioso.
- estou a ver... um livro de auto-ajuda, então?
- olhe, desde que não tenha fotografias pornográficas.
clientes de uma sexta-feira embrutecida (parte ii de iii)

- olhe, dê-me isto do shrik (sic! leia-se shrek) em dvd!
- boa tarde... peço desculpa, mas sobre dvd's terá de perguntar naquele balcão, ao fundo da sala, do lado direito.
- mas isto é infantil!
- sim, mas é um dvd. sou dos livros e, francamente, não percebo nada de dvd's.
- que ridículo! e se eu lhe pedir o código da vints (sic! leia-se da vinci), vai-me dizer que não tem?
debruço-me sobre uma caixa cheia deles e entrego-lhe um.
- ele está em todo o lado... (sorriso amarelo a rematar o atendimento)
- então e o shrik?!
clientes de uma sexta-feira embrutecida (parte iii de iii)

22h00
soa o aviso sonoro, informando os nossos estimados clientes de que a loja encerra os seus serviços mas que, amanhã, pelas 10h estará de novo aberta e ao dispor. 23 caixas que tenho para arrumar amanhã. somerset maugham olha-me de lado, na mesa dos anglo-saxónicos, e diz até amanhã.

22h01
- boa noite. o meu livro?
- boa noite... lamento, mas já estamos fechados.
- sim, mas aquele meu livro...?
(pausa dubitativa)
- eu conheço-o?
- já não se lembra de mim? fiz uma encomenda, há umas semanas...
- lamento, mas já fechámos.
- mas... e o meu livro?

23h10
chego a casa. despertador do telemóvel nas 6h00. cansaço.

novembro 11, 2004

bd/ilustração

edmond baudoin e os sonhos que o seu traço deixa antever... Posted by Hello

para o vincent, tu dois...



http://w3.uqah.uquebec.ca/baudoin/voyage.html
diário de um gimniófobo [iii]

o professor lá ia explicando platão o melhor que conseguia, que ele acreditava ser o melhor universalmente possível, e ia-se esquecendo do eros e da forma. ia-se esquecendo do que havia de mais escandaloso na filosofia platónica, o erotismo da proximidade de corpos nus, a latência do toque despojado e casual. era, porém, a sala de aula, escura, fria e de paredes de mofo revestidas a livros que mais me atraía o olhar. e um olhar cheio de admiração e ternura. um sopro fantásmico erguia as folhas soltas que o professor pousara sobre a secretária. lá fora, o sol tentava libertar-se do amplexo da névoa esbranquiçadamente feminina. o chão de madeira carunchoso era povoado por pequenas criaturas entómicas, silenciosas, curiosas com o tamanho do seu universo.

novembro 08, 2004

and you say you're feeling like a duck right now...? Posted by Hello
Blogger animah disse...

Feeling like a rubber duck on hunting season…
floating alone… on my own.. in the wilderness…
White ointment all over my duck mustache,
but even so, it does not cover my pride.

9/11/04 00:01  

diz ...

novembro 07, 2004

descia a rua com uma ilusória tranquilidade mas nos ombros não levava angústias. passo leve, mãos esvoaçantes, sonhava com um casulo de areia morna e um abraço contínuo e atemporal.
sorria porque trazia dentro de si o calor da noite anterior: ela nos seus braços, ela na sua pele, ela na pele dela. emocionava-o o palpitar daquele pescoço gracioso e se percebia um receio qualquer nos olhos dela, logo arranjava maneira de a fazer esquecer tudo, mesmo tudo, para além da inevitabilidade do encontro dos seus corpos naquele minuto preciso.
a chuva que começava a cair não lhe abrandava o passo e continuava a descer a rua com o coração ansioso, os dedos ainda presos àqueles cabelos e queria voar até ela... e então, num relampejar de luz, adivinhou-lhe a vontade, igual à sua e sossegou.
diário de um gimniófobo [ii]

chamado para o jantar, lá vou, a tentar expulsar outros cheiros que não o do borrego assado do meu nariz sensível. gosto de cheirar e de guardar as sensações que esses cheiros me causam.
o cheiro do borrego lembrar-me-ia sempre a minha mãe corada e de cabelos presos numa grossa trança prateada diante do forno. o cheiro da minha pele, o cheiro da minha pele nua, repugnava-me.

sair daquele quarto era o que mais odiava. na rua, as pessoas olhavam-me e, embora vestido, como qualquer outra pessoa, estava nu diante de olhos perspicazes, diante de olhos treinados para reconhecer o pudor de um nu que se tenta disfarçar.

novembro 06, 2004

hugo pratt, "le monde est un théâtre" Posted by Hello


diário de um gimniófobo [i]

não me conseguia imaginar nu.
parecia-me algo de profano, como se alguém que não queria que me visse vulnerável me pudesse, de facto, ver. assim, nu. incomodava-me os jogos olímpicos da antiguidade porque não compreendia como podiam aqueles homens viris combater e disputar, agonistas e agonizantes, tão nus, tão simplesmente nus.
e se a minha nudez me causava fortes impressões no baixo ventre, que dizer da dos outros? e a nudez das mulheres? que fazer com a nudez senão apressar-me a cobri-la? a minha, a de toda a humanidade. a nudez incomodava-me, é certo, mas não pretendia fazer disso uma grande questão vital pendente. resolvê-la-ia quando pudesse. quando tivesse espelho. de qualquer forma, não me queria imaginar nu.

novembro 05, 2004

ando ocupada. lamento, mas é a verdade. e com um sorriso doce nos lábios.
no entanto, a direcção garante que a publicação de posts continuará, embora a um ritmo menos regular...
Blogger inês s. disse...

good for you.

7/11/04 00:32  
Blogger cassandra disse...

efkaristos para poli!

7/11/04 00:49  

diz ...

novembro 03, 2004



caspar david friedrich, monk by the sea (1809)
Blogger O poeta noctívago disse...

... Ou a vastidão da beleza.

3/11/04 01:26  
Blogger Ghibli disse...

É um dos meus quadros favoritos!
(Aliás, duas horas antes de ti, pus o mesmo quadro no meu blog!;))
Pena que a história não lhe tenha dado o devido valor!

3/11/04 15:54  

diz ...

novembro 02, 2004

a manhã passeeia-a (é mesmo este o verbo que quero usar) pela gulbenkian. como é bonito o outono naqueles jardins, e como estava silencioso, como ruído deslizante de um pato a velocidade de cruzeiro no lago, sem crianças, sem turistas... o ocasional madrugador, a secretária que sonha com uma estadia prolongada no brasil, o fotógrafo amador e eu.
sentada num banco diante do lago, uma mulher nos seus trinta, como cabelo ruivo apanhado de forma desajeitada, parecia ter estado a chorar. parecia tão sozinha que me senti atraída por ela e, ainda que sentisse a pele arrepiada por uma inquietação estranha, quis confortá-la, dar-lhe um abraço, sorrir-lhe e oferecer-lhe um pouco de sol.
hesitei demais e ela, percebendo o meu olhar atento, ergueu-se e foi-se embora, o passo apressado e os dedos secando as lágrimas presas nas pestanas.
Blogger O poeta noctívago disse...

Os passeios nos faustos jardins da Gulbenkian são sempre mui agradáveis. Ora no esplendor da relva, ora junto aos cursos de água. Ora em exercícios para o corpo, ora em alimentos para a alma.

3/11/04 01:30  
Blogger r.e. disse...

curiosa coincidência... :) postei hoje um texto que escrevi, verás depois onde. percorrer a seguir o blog de uma amiga, naveguei até ao teu, e o segundo post que li teu foi este. senti-me incrédulo pela empatia com que te li. pela identidade com os momentos que descreves. pelas hesitações que já senti também face a quem vejo lá. foi um encontro bom este, no teu sítio. beijinho. J.

5/1/05 22:51  

diz ...

explicar o que sinto por ele é algo estranho que não consigo pôr por palavras ou nomear. estar com ele é como estar comigo própria ou como estar numa bolha de paz absoluta. não me sinto dependente dele e não o sinto dependente de mim.
olho-o e sei o que vejo mas não o consigo dizer. melhor, não me parece necessário dizer nada.
não nos exigimos nada, mas não nos cansamos de pedir carinho um ao outro, e ele oferece-mo com um sorriso que me delicia. será que ele percebe que o dou em igual medida, cá dentro?
o que fiz para merecer esta atenção inesperada? e porque nunca a recebi antes? estaria realmente fechada para experiências profundas ou mais significativas até agora? será que dei finalmente descanso aos meus fantasmas?
às vezes, parece-me que o deixo intrigado com as coisas que digo ou faço, mas nem sempre me apercebo disso no momento e quando me dou conta, o momento certo já passou e falar-lhe dos porquês parece-me superficial...
de uma só coisa estou certa: era este calor que eu procurava sem saber, o tempo todo, como louca.
Blogger O poeta noctívago disse...

Só te digo isto: ele é um homem de sorte! :)

2/11/04 15:57  
Anonymous Anónimo disse...

Tu mereces essa 'libertação', cassy. Parabéns pelo que sentes e pela pessoa que encontraste.

2/11/04 16:33  
Blogger Luís Serpa disse...

Um dos paradoxos do amr é esse: a sua permanente novidade, a sua imanência. Uma apaixonada da idade média, o tempo em que se descobriu o amor - ou melhor, em que se começou a formar a tríade amor - sexo - casamento, que nos haveria de perseguir, sob diversas formas, até hoje - poderia dizer a mesma coisa: a novidade do que já foi descrito mil vezes mas permanece único. Porque o amor é único, mas as suas formas infinitas. E cada uma delas melhor do que a precedente ou a seguinte, ou a do lado.

E é curioso também o amor não necessitar de palavras. Não é, certo, específico ao amor: o estado de beatitude numa regata em tripulação consegue-se quando "não é preciso falar": mas numa embarcação de vela isso percebe-se; numa relação a dois menos. No fundo, qualquer dos elementos da tríade acima mencionada se auto-sustém: e é a mistura deles que exige o verbo.

Falta a surpresa: apesar de estranha, amo-a; ou seja: que há nela que amo apesar de não conhecer? porque a amo, se a não conheço? Que se passará, quando a conhecer? - deixarei de a amar? Amá-la-ei ainda mais?

Perdão por este longo comentário, inspirado por uma garrafa de vinho e Leonard Cohen, grande mestre nestas e noutras coisas. E boa sorte, claro.

3/11/04 21:02  
Blogger cassandra disse...

faltar à palavra "amor" o "o" não tem importância alguma, luís, todos a lemos como a pensaste, e o teu post também diz amor com "o" :)

6/11/04 10:31  

diz ...

novembro 01, 2004

uma vez lançado o teu esboço, trabalha ardentemente a estendê-lo, mas sem te cingires aos limites que ele parece de entrada prescrever-te: tornar-te-ás magro e frio com tal método; são impulsos que queremos de ti, e não regras. ultrapassa os teus planos, varia-os, aumenta-os; é só a trabalhar que as ideias ocorrem. porque não queres que a que te pressiona quando compões seja tão boa como a ditada pelo teu esboço? apenas exijo de ti essencialmente uma coisa: é sustentar o interesse até à última página; falhas este objectivo se cortares a tua narrativa com incidentes, ou repetidos demais, ou que nada têm a ver com o assunto; que aqueles que te permitires sejam ainda mais cuidados do que o fundo: deves compensações ao leitor, quando o forças a deixar o que lhe interessa para encetar um incidente: ele pode autorizar-te a interrompê-lo, mas não te perdoará se o aborreceres.

marquês de sade, ideia sobre os romances (farândola, 2004)
Blogger O poeta noctívago disse...

O divino Marquês é uma das forças mais indomáveis da natureza.

" Either kill or take me as I am, because I´ll be damned if I ever change... " - excerto de uma epístola dirigida à esposa, enquanto cárcere, em 1783.

3/11/04 01:36  

diz ...

monólogo

a pálpebra diz
à pupila: quando
o sono vier,
deixa-me entrar
na tua casa.

albano martins, frágeis são as palavras (porto, asa, 2004)
recebe-me, boca luminosa por dentro cheia de folhas

antónio franco alexandre, poemas (lx, assírio & alvim, 1996)