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dezembro 28, 2004

hoje descobri um sabor.
Blogger João Amaro Correia disse...

sabor a quê? já o consegues nomear?

28/12/04 23:38  
Blogger O poeta noctívago disse...

Descobrir algo despoleta das melhores sensações a que se pode aceder.

29/12/04 02:49  
Anonymous Anónimo disse...

hei, amigoa. estrada-perdida.blogspot.com. Quando puderes almoçar comigo, diz

1 bom ano

29/12/04 09:24  
Blogger PreDatado disse...

Cassandra, um beijinho e feliz ano novo!

31/12/04 12:27  

diz ...

dezembro 25, 2004

sonhem
 Posted by Hello


valery bareta
Blogger O poeta noctívago disse...

Sonhar não é necessário... quando se tem.

27/12/04 01:43  
Blogger Luís Serpa disse...

E sonhar ele sonhou, obedecendo à injunção. Imaginou a sua mão feita luz, a acariciar a metade obscura do seio, imaginou a ponta que crescia e endureceu, imaginou o ligeiro sorriso na face dela, olhos cerrados.

Imaginou a forma arredondada, firme, os braços que o rodeavam, o ventre, provavelmente liso e firme ele também; imaginou as coxas longas, os pés que se juntavam nas suas costas.

Imaginou as mãos dela a percorrer-lhe o corpo, ou a pegar na sua mão e a colocá-la no outro seio, tão igual. Imaginou-a a dizer-lhe: "toca-me e leva-me contigo para onde eu te levo. Sou tua, este seio é teu, teu é o resto do meu corpo todo; sou tua, e minha é a tua mão, a que agora me acaricia, meus são os teus olhos, os que há pouco me seduziram, meu é o membro que este seio faz crescer, sou tua, aqui, ontem, quando ainda não te conhecia, e tua serei amanhã, quando te tiver esquecido".

27/12/04 23:35  

diz ...

alessandro scarlatti
il giardino di rose
sinfoni & concerti (accademia bizantina)
Blogger João Amaro Correia disse...

hoje dormi com o filho, domenico: stabat mater

26/12/04 05:09  

diz ...

cântico dos cânticos, livro iii

i. de noite busquei na minha cama aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não o achei.
ii. levantei-me, então, e rodeei a cidade. nas ruas e nas praças busquei aquele a quem ama a minha alma; bsuquei-o e não o achei.
iii. encontraram-me os guardas e eu perguntei-lhes: vistes aquele a quem ama a minha alma?
iv. separando-me deles, logo encontrei aquele a quem ama a minha alma. detive-o e introduzi-o na casa de minha mãe, no quarto daquela que me gerou.
v. pelas gazelas e cervos do campo, peço-vos, ó filhas de jerusalém, não acordeis nem desperteis o meu amor, até que ele o queira.
vi. que é aquilo que vem do deserto, perfumado de mirra, de incenso e de todos os pós aromáticos?
vii. é a liteira de salomão, sessenta bravos entre os valentes de israel a rodeiam.
viii. todos armados de espadas, dextros na guerra, cada um com a sua espada à cinta, devido aos temores da noite.
ix. o rei salomão fez para sim um palanquim de madeira do líbano.
x. ergueu-lhe as colunas de prata, o estrado de ouro, o assento de púrpura, o interior revestido de amor pelas filhas de jerusalém.
xi. ó filhas de sião, saí e contemplai o rei salomão com a coroa que, no dia do seu casamento e no dia do júbilo do seu coração, o coroou sua mãe.


in salomão, cântico dos cânticos (sintra, edições mar*fim, 1987)
tradução de maria simão
era pequena e queria ver o mundo...
 Posted by Hello
Blogger O poeta noctívago disse...

É bom cedo despertar para o mundo que nos rodeia. No entanto, ainda melhor é... apreciá-lo vagarosamente.

27/12/04 01:42  
Blogger limonada disse...

E achas que a certa altura te perdeste?
Eu ás vezes sinto que sim. Que perdi a inocência que guardava em mim.

30/12/04 00:14  
Blogger cassandra disse...

a dada altura, cheguei a pensar que sim, que teria perdido essa capacidade de sonho e de espanto pueris. mas não! continuo a sorrir deslumbrada dainte do mundo e das suas possibilidades...

2/1/05 22:07  

diz ...

dezembro 24, 2004

acordei de novo às 6h.
a sensação de ver o nascer do sol numa manhã fria de dezembro é inigualável.
não percebemos bem se estamos a tremer de frio ou de emoção até que apolo vestido de calor espreita no horizonte e nos damos conta da imensidão do mundo.
foi o melhor dia de trabalho desde o início de outubro.
Blogger O poeta noctívago disse...

É uma belíssima sensação, de facto. Dezembro, exceptuando o natal, é um mês fantástico.
E é mesmo porreiro trabalhar satisfeito... :)

27/12/04 01:56  

diz ...

dezembro 23, 2004

neste dia, em finais de junho, estava um calor insuportável. improvisei uma tenda na varanda, estendi uma manta no chão, com umas almofadas onde me recostar, um livro por perto e a mischka ao meu lado. nunca me hei-de esquecer daquelas horitas de paz com uma fina camada de suor sobre a pele.

 Posted by Hello

Blogger João Amaro Correia disse...

quero praia! quero verão! quero jogar à bola na areia!

23/12/04 01:57  
Blogger O poeta noctívago disse...

É óptima a sensação da brisa estival a embater no corpo e a destapar os poros toldados pelo calor.

27/12/04 01:45  

diz ...

doce.
muito doce? não, não. doce. simplesmente. doce... como um morango? não. como um sorriso? não, um pouco mais doce... ah, doce como um adormecer nos teus braços!

Blogger limonada disse...

que bonito...

30/12/04 00:16  

diz ...

dezembro 21, 2004

a vizinha do 1º esquerdo acaricia apaixonadamente o soalho, notas de música incerta espalham-se pelo prédio. na varanda solarenga, quatro cuecas, dois soutiens, uma saia, três blusas e um par de calças alinhados saúdam os passantes com gotas de água fria. um bule com décadas de vida geme sobre um lume esquecido. no 1º direito, um telefone toca com alguma insistência; alguém se revira numa cama, nada satisfeito com a interrupção, e, depois alguns resmungos, dá um pulo da cama e, com passos de uma fúria sonora, persegue o som irritante até à sala. a vizinha do 1º esquerdo pára de cantar, à escuta de uma palavra ou outra que pudesse conhecer. estrangeiro, ele. ela também. raramente saíam do apartamento, excepto para irem trabalhar, ele de noite, ela de manhãzinha. mas só conseguia perceber um burburinho, uma cadeia ininterrupta de sons, pelo que desistiu e retomou a cantoria. foi quando se lembrou que tinha deixado o bule ao lume. com um suspiro e sem pressa, dirigiu-se à cozinha onde desligou o fogão, sobre o qual um bule agora vazio repousava, tranquilo.
Blogger R2D2 disse...

Se um dia conseguir escrever duas linhas de texto como tu serei um tipo feliz.

Cumprimentos

22/12/04 10:50  
Blogger O poeta noctívago disse...

Ora está aqui um texto engraçado.

23/12/04 00:22  
Blogger cassandra disse...

e se eu soubesse brincar com as curvas e as cores da imaginação como tu... :)

23/12/04 00:28  

diz ...

dezembro 19, 2004

sol, sol, sol!
lisboa vê-se ao espelho com o sol no tejo e acha-se linda!
Blogger j disse...

Como tu!...
Se o que escreves é o espelho de um espírito muito belo.

19/12/04 12:16  
Blogger O poeta noctívago disse...

De facto, a Cassandra é uma pessoa com uma acuidade peculiar, no que concerne à captação da vida. Uma sensibilidade assinalavelmente transbordante. Que a todos nos acolhe.

27/12/04 01:49  
Blogger cassandra disse...

:)) efkaristo para poli!

28/12/04 22:30  

diz ...

dezembro 18, 2004

é este o som do tango? a argentina urze, o folho estanco no vestido, assim, de preto, europeízo, e tu? concentrado em negra brilhantina, dança comigo, diz: querida menina, e eu venho-me tão lenta no tecido, ai tango, tango, tanto tango, que língua é essa?

rui nunes, o canto no ocaso (lx, rolim, 1984)
Blogger Sérgio Lavos disse...

Belo texto do Rui Nunes. E também queria comentar aqui um post teu anterior: o Gonçalo Tavares é mesmo muito bom, pena ser tão prolixo. Já espreitei o livro de que falas. Prometedor. E saiu também um de poesia, 1. Gostei do blogue. Simples e elegante. Voltarei.

19/12/04 02:07  
Blogger O poeta noctívago disse...

Ora aí está uma das palavras que melhor define Cassandra: elegância.

27/12/04 01:53  

diz ...

se não preciso da lua e me basta o calor do sol, porque insistem comigo?
não sou ambiciosa, não quero mais, não preciso de ter mais.
quero descobrir coisas novas e dá-las a conhecer a outras pessoas, isso sim.
sou uma pioneira, essa é que é essa. a fama e o proveito não me dizem nada.
e se gosto de trabalhar concentrada no que faço, com profissionalismo, com gosto e bem humorada, porquê importar-me com a falta de disposição dos outros?
mas preciso de alimento. a curiosidade precisa de ser atiçada, de vez em quando...
Blogger Unknown disse...

"porquê importar-me com a falta de disposição dos outros?"
Porquê pensar nissodessa forma? E materializá-lo com as palavras?
Porque a falta pode nao ser dos outros, mas nossa, no humor que temos para assimilar a disposição dos outros :)

Tens de ver a coisa num género mais de seinfeld.

19/12/04 01:15  
Blogger cassandra disse...

nada mal pensada, essa...

19/12/04 01:47  
Blogger O poeta noctívago disse...

A curiosidade é um dos alimentos da alma.

27/12/04 01:50  

diz ...

dezembro 17, 2004

se o teu sonho é igual ao meu,
porque sonhamos longe um do outro? Posted by Hello



john russell (aurora borealis, alaska, 2002)
Blogger João Amaro Correia disse...

porque os sonhos são coisas muito íntimas.
poucas vezes se devem partilhar.

18/12/04 12:13  

diz ...

dezembro 16, 2004

uma amiga muito especial que está em moçambique escreveu às suas amigas.
cada carta seguiu com um selo diferente, escolhido propositadamente para o destinatário.
o que vem colado na minha carta cor de rosa diz o seguinte:

gozar es una benedición, estar satisfecho y gozar mucho es el arte y la felicidad de los hombres autenticamente libres

esta é a parte publicável da carta:

linda, linda, linda

como me lembro tão bem do teu sorriso de menina, a tua pele branquinha (onde o cor de rosa assenta tão bem!) cheia de sardas amorosas!
(...) bolas tento fazer de conta que não (é por isso que escrevo pouco) mas começo a escrever e só sinto saudades, saudades, saudades!
fizemos coisas muito fixes, não foi?
és uma maluca e eu gosto de ti mesma como tu és. má e fofinha e cheia de particularidades. bruxinha e sempre com roupinhas originais.
que é que eu te vou contar de entre este mundo de coisas que me rodeia?
bem, primeiro que tudo, estou mesmo feliz. por agora, era mesmo isto. o resto não sei, não quero saber.
o dia é feito de coisas que fazem sentido, como tratar crianças subnutridas, orfãs e doentes, visitar presos, dar aulas, dar formação...
(...)
sinto-me em casa e em família. há dias e situações muito difíceis, mas existe em tudo uma harmonia misteriosa. estou a aprender muitas coisas. sento-me descalça, na esteira, usando sempre a minha capulana e como a chima (farinha de mandioca) com feijão com as mãe e com as crianças a brincarem à minha volta, eu a chorar, a serem elas próprias.
o meu cheiro mistura-se como o do leite e do chichi deles.
estou tão em paz.

um grande beijo amiga.
cuida-te, sim?
preocupa-me esse teu coraçãozinho frágil

adoro-te

sónia

p.s.: a tua carta e a da martita são metade da mesma folha.

dezembro 14, 2004

não sei se é desta blusa cor de rosa que se me cola ao seio, se é do rubor amorável que cobre as minhas faces, mas um vislumbre num espelho qualquer e fico tonta. estou a sorrir e como sou bonita quando sorrio assim...
Blogger Carla de Elsinore disse...

ninguém se atreverá a duvidar de uma coisa assim.

15/12/04 18:43  
Blogger cassandra disse...

que lindos que são, vocês todinhos! abraço grande, grande! :))

16/12/04 22:58  

diz ...

que som tem um instante? Posted by Hello



john russell (aurora borealis, alaska, 2002)
cântico dos cânticos, livro ii

i. eu sou a rosa do saron, o lírio dos vales.
ii. como o lírio entre espinhos, assim é a minha amiga entre as filhas.
iii. como a macieira entre as á¡rvores do bosque, assim é o meu amado entre os filhos - desejo-lhe a sua sombra e sob ela me sento, e o seu fruto é doce ao meu paladar.
iv. levou-me à  sala do banquete, e a sua bandeira era o amor.
v. sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, porque desfalço de amor.
vi. o seu braço esquerdo esteja sob a minha cabeça e o direito me abrace.
vii. pelas gazelas e cervos do campo, peço-vos, ó filhas de jerusalém, não acordeis nem desperteis o meu amor, até que ele o queira.
viii. eis a voz do meu amado: ei-lo que vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros.
ix. o meu amado é como o gamo - ali está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, reluzindo pelas grades
x. o meu amado fala e diz-me: vem, levanta-te, amiga minha, formosa minha.
xi. eis que passou o inverno, cessou a chuva, e foi-se.
xii. aparecem as flores na terra, chega o tempo de cantar e a voz da rola ouve-se na nossa terra.
xiii. a figueira já deu os seus pequenos figos e as vides em flor exalam o seu aroma: vem, levanta-te, amiga minha, formosa minha.
xiv. pomba minha, que andas pelas fendas das penhas e no escondido das ladeiras, mostra-me o teu tesouro, deixa-me ouvir a tua voz, porque ela é doce e o teu rosto aprazí­vel.
xv. apanhai-me as raposas, as pequenas raposas que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor.
xvi. o meu amado é meu e eu sou dele: ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.
xvii. volta, amado meu, antes que refresque o dia e caiam as sombras: torna-te como o gamo entre os montes de bether.


in salomão, cântico dos cânticos (sintra, edições mar*fim, 1987) tradução de maria simão
Blogger João Amaro Correia disse...

hoje encontrei este blog.
já leste a tradução do José Tolentino Mendonça?

jmac
http://hardblog.blogspot.com

16/12/04 13:47  
Blogger cassandra disse...

já conhecia os dijais :) imperdíveis

16/12/04 23:03  
Blogger João Amaro Correia disse...

então espero que lá apareças amanhã!
diz qualquer coisa! em troca de um martini!

17/12/04 17:03  

diz ...

de que cor é a luz? Posted by Hello



john russell (aurora borealis, alaska, 2001)

dezembro 13, 2004

adormeço sempre com o teu mamilo
entre os dedos da minha mão
e meu sono é tranquilo
como o das rosas

jorge de sousa braga, balas de pólen (vila nova de famalicão, quasi, 2001)

dezembro 12, 2004

if you're going to read this, don't bother.
after a couple pages, you won't want to be here. so forget it. go away. get out while you're still in one piece.
save yourself.

chuck palahniuk, choke (vintage, 2002)
até que enfim!
após três anos de espera, ele edita algo de extraordinário.
eu até sei que ele sabe escrever :)

gonçalo m. tavares
a perna esquerda de paris seguido de roland barthes e robert musil
relógio d'água, 2004
Anonymous Anónimo disse...

n gosto do gosto do gajo....tenho inveja. mierda!

13/12/04 13:00  

diz ...

dezembro 11, 2004

se a palavra é inevitável, que dizer da acção?
bd/ilustração

boris vallejo Posted by Hello
o esboço mais simples e completo que consegui encontrar dele.


dezembro 10, 2004

il y avait d'autres comme moi - alucinação #01/1204

j’étais un ange. la raison de l’être, je ne la connais pas. tout ce qui m’avait été dit c’était que tous les anges avaient une mission, rien plus. j’étais vêtu de blanc mais beaucoup d’autres avaient cette même absence de couleur sur leurs vestes.
enfant, on m’avait dit que les anges avaient des ailes. on ne me mentait pas. enfant, je voulais avoir des ailes, mais, maintenant, je trouvais qu’elles me dérangeaient, car elles m’obligeaient à voler plus lentement, comme si je ne voulais point faire cette tâche.
la mission dont j’ai parlée, nous l’avons faite un jour particulièrement étrange. c’était un jour qui se glissait parmi les feuilles de douleur épandues par des larmes grosses et tristes, crues et nues, que mon cœur laissait échapper. un subterfuge tout subtil, tout fragile, fort secret.
je me suis levé assez tôt ce matin-là, grâce à un tapage humain. quand j’ai regardé parmi les nuages, j’ai vu là-bas, sur la terre, un tas de gens au visage maussade. ils poussaient des cris angoissants et moi, tout ce que je voulais, c’était de les faire taire le plus rapidement possible.
pourquoi crier ? pourquoi cet hurlement ?
le ciel me semblait crevé, puisqu’il jouait aux couleurs morbides qui évoquaient ou prévoyaient des scènes effrayantes.
nous nous sommes réunis dans une grande salle construite avec des nuages. quelques enfants les avaient peints aux couleurs les plus incroyables que vous pouvez imaginer, mais nous restions en silence, lorsque nos supérieurs, les archanges, nous disaient quoi faire.
l’archange qui commanderait le groupe où j’appartenais et qui descendrait sur la terre, s’était habillé de bleu, comme s’il voulait y combattre et tuer sans être aperçu par les mortels. et bien, il l’a fait !
il se jetait sur les hommes et il les blessait, les coups se succédant les uns aux autres, avec une intrépidité qui me faisaient frissonner et qui m’impressionnait autant. les hommes gueulaient encore. je me trouvais, soudainement, parmi eux, n’ayant aucune idée de quoi faire. la peur s’installait sous ma peau et dans mes veines une énergie rayonnante dansait avec le sang. mon épée, elle aussi, frappait des chairs déjà ensanglantées, des chairs paradoxalement faibles et lourdes. j’ai regardé derrière moi et j’ai vu d’autres anges qui venaient encore pour le combat et qui tuaient des hommes qui ne nous avaient rien fait.
c’était dieu qui avait ordonné ce génocide qu’il appelait tout simplement punition. et nous, les anges, son élite de mercenaires, nous étions des jouets pour lui, comme les hommes même… ou pire, car les hommes le défiaient, l’affrontaient, se rebellaient, tandis que nous lui obéissions.
je voyais ces hommes-là et je les tuais, sans y penser plus d’un instant. tant d’hommes venaient contre moi, tant d’hommes que mon épée coupait : fleuves de sang jaillissaient de tous les corps devant mes yeux innocents.
j’ai même voulu qu’un peintre, n’importe lequel, jetât l’œil sur cette scène qui n’avait rien de théâtral. j’imagine qu’il la peindrait avec des êtres dont la forme ne serait pas la plus plaisante ni la moins bizarre.
nous étions les mêmes de tous les jours. néanmoins, une haine absurde nous avait pris avec une force immense, ayant un pouvoir presque hypnotique sur nos gestes, sur nos mains, sur nos armes. elle nous avait prêté des masques infâmes.
je ne peux pas effacer ces images-là de ma mémoire. c’est pourquoi je vous raconte cette mission qui a fini avec nous tous, nous, les anges.
les visages. c’est de leurs visages dont je me souviens mieux. des visages où je lisais l’horreur, la peur, l’étonnement provoqué par notre présence. oui, n’oubliez pas qui on était : des anges, des êtres inhumains, surnaturels, sacrés, consacrés, des créatures célestes. on était des êtres avec lesquels tous les humains avaient rêvé, imaginé ou peut-être eu des cauchemars. oui, on avait sorte de leurs pensées. c’était cela qui les troublait le plus. dieu savait tout cela. il savait tout ce qu’ils pensaient, sentaient ou cachaient.
on se battait sans plus savoir qui était l’ennemi. ou peut-être, j’étais le seul à y penser. le combat a duré quelques heures. à la fin, on ne savait pas dire ni qui avait été vaincu ni qui avait vaincu.
moi, je me sentais perdu, pas vaincu. perdu dès le premier moment de lutte. perdu dès les premières pensées. perdu dès la prise de conscience de la vanité de ce combat-là.
le jour est arrivé à la fin, néanmoins mes fautes, ma souffrance, mon blâme étaient là, présents, intenses, attendant le but, le coup final. je suis resté là-bas encore quelques instants. jusqu’au moment où je me suis aperçu que j’étais vivant. plus important qu’être vivant, j’étais le seul qui vivait encore.
cela m’a ému.
les paroles fuyaient de ma gorge, avec le souffle, vers le fond de mes poumons et de l’eau, des petites gouttes d’eau, glissaient gracieusement sur ma face, si lentes que je les croyais presque endormies.
une angoisse délirante et inexorable ma rend fou, d’une folie absurde, absolue, tout entièrement mienne. je la dis une bêtise mentale, qui prend refuge dans un petit espace vide de tout ce qui vit, y restant silencieuse, y restant comme si elle était inexpugnable, comme si une folie intarissable pouvait se laisser abattre ou séduire comme un mur, comme une voie, comme une vierge.
je suis évidemment retourné au ciel. j’avais l’intention de lui dire que je ne voulais pas rester ange, que je voulais mourir complètement et définitivement, que je le haïssais, que les humains méritaient vivre. mais je n’ai pas eu ni l’opportunité ni le besoin de le faire. il sait tout, dieu, il m’a laissé mourir.
j’ai eu droit à quelques anges plus jeunes comme compagnie pendant le parcours fait jusqu’au paradis. là, il faisait beau : des arbres éternellement verdoyants, des fleurs avec lesquelles on songe pendant l’enfance, du soleil qui brille comme s’il n’existait que pour nous inspirer, et, le plus important, ni humain ni dieu pourrait y entrer.
mais cela n’explique pas le fait d’être ici, vous parlant comme si j’étais vivant et non mort, comme je suis. vous ne croirez pas, mais celui qui vous a tout raconté jusqu’ici, ce n’est pas moi, mais ma conscience.
vous vous souvenez de ces images-là dont j’ai dit qu’elles restaient dans ma mémoire? bien, ce sont elles qui vous parlent, qui vous demandent pardon, qui vous gênent comme des démons.
et vous savez, un démon n’est plus ni moins qu’un ange, mais un ange révolté contre dieu et rejeté par lui. j’ai connu des anges révoltés qu’un autre ange m’avait dit être fameux parmi les humains. vous le savez mieux que moi s’il est vrai. mes paroles sortent, maintenant, de mes lèvres sans qu’un dieu quelconque me fasse taire, et elles volent si légères que je sais qu’elles seront écoutées.
moi, je ne veux pas être fameux ni connu, mais plutôt évoqué, de temps en temps, comme l’un des anges qui a tué des hommes parce que dieu le lui avait ordonné dans un état de pure rage. pour quoi il le fait? vous me demandez une raison? dieu n’a pas besoin d’avoir des raisons, mais il les a.
vous le faites rager, vous savez? votre ignorance le fait ranger. mais votre inconscience le fait sourire.
a leitura da semana é...

as calças de pitágoras: deus, a física e a guerra dos sexos de margaret wertheim, editado esta semana que passou pela via óptima (bem haja!)

já agora, espreitem o site da melhor editora de divulgação científica nacional

http://inedita.com/ViaOptima/index1.html


dezembro 09, 2004

uma arte, ouviram? Posted by Hello

este senhor apresenta uma teoria cognitiva que não é nova, com argumentos frescos.



derek melser, the art of thinking (cambridge, mass., mit press, 2004)
cântico dos cânticos, livro i

i. cântico dos cânticos, de salomão.
ii. beije-me ele com os beijos da sua boca; melhor é o seu amor do que o vinho.
iii. cheiros bons são os teus perfumes, como perfume derramado é o teu nome. por isso as virgens te amam.
iv. leva-me, iremos nós depois. o rei introduziu-me nas suas recâmaras; em ti nos regozijaremos e nos alegraremos. mais do que do vinho, do teu amor nos recordaremos - os justos amam-te.
v. eu sou morena, mas amável, ó filhas de jerusalém, como as tendas de kedar e as cortinas de salomão.
vi. não olheis para o eu ser morena - o sol resplandesceu sobre mim. os filhos de minha mãe indignaram-se contra mim e puseram-me como guardadora de vinhas; mas a minha não a guardei.
vii. diz-me, a quem a minha alma ama: onde apascenta o teu rebanho, onde o recolhes pelo meio-dia, para que eu não erre perto do rebanho dos teus companheiros?
viii. se o não sabes, ó mais bela entre as mulheres, segue pelas pisadas das ovelhas e apascenta as tuas cabras junto às moradas dos pastores.
ix. às éguas dos carros do faraó te comparo, ó minha amiga.
x. amorosas são as tuas faces entre os teus adornos e o teu pescoço com colares.
xi. adornos de ouro te faremos, com pregos de prata.
xii. dá o meu nardo o seu cheiro enquanto o rei está sentado à mesa.
xiii. o meu amado é para mim um ramalhete de mirra: morará entre os meus seios.
xiv. o meu amado é para mim como um cacho de chipre das vinhas de engedi.
xv. como és formosa, ó amiga minha, como és formosa: os teus olhos são como os das pombas.
xvi. como és gentil e amável, ó meu amado: a nossa cama é viva.
xvii. as traves da nossa casa são de cedro e as nossas varandas de cipreste.


in salomão, cântico dos cânticos (sintra, edições mar*fim, 1987)
a tradução será, porventura, da autora da edição, maria simão.

saberias tu dizer-me porque escrevo?
porque raio escrevo eu como escrevo, tanto assim, a eito, sem jeito?
de que falo eu?
às vezes, nem sei se estou acordada, ou mesmo viva, mas escrevo.
gosto de contar histórias, imaginá-las primeiro para mim, contá-las primeiro a mim, e depois de passadas nesse exame de qualidade, deixá-las à solta por aí.
Blogger limonada disse...

Escreves porque sim e delicias-nos pelo caminho :)

10/12/04 14:05  
Blogger O poeta noctívago disse...

É uma arte difícil a de contar uma história... pelo menos, a de bem contar.
Mais complicada ainda... é a arte de bem escrever. Eu cá, escrevo pelo prazer que sinto em fruir com as palavras. É um acto diário. E, modéstia à parte, escrevo muito bem.

14/12/04 01:09  

diz ...

dezembro 07, 2004

bd/ilustração

cosey
a possibilidade do amor emociona-me Posted by Hello

Anonymous Anónimo disse...

Cassy, o Kate é um ods albuns da minha vida. É tão importante que não o releeio para que não possa vir a desiludir-me. O teu bom gosto é quase imbativel. De resto informo-te que transmissao.blogspot.com já está activo outra vez, com participação do Rui.

7/12/04 17:02  
Blogger O poeta noctívago disse...

Penso que a possibilidade do amor emociona qualquer pessoa.

14/12/04 01:11  

diz ...

dezembro 06, 2004

as pistas:

um quarto que não era o seu mas em tudo idêntico.
um corpo frio e desconhecido ao seu lado, um fio de sangue ao longo da jugular.
ausência de roupas suas em qualquer divisão do apartamento.

Blogger O poeta noctívago disse...

" Abriu a primeira porta que viu à mão e entrou.
Os seus olhos fotografaram instantaneamente o quarto.
Viu-a pelo espelho, imóvel, no limiar da porta.
Ela adiantou-se; ele tirou a pistola da algibeira.

Estremeceu na noite fria envolta em nevoeiro.
Havia vagões e pilhas de carvão por todos os lados.
Dentro da casa não havia sinal de vida.
Enfiado pela chaminé estava um corpo de mulher.

Quem matou a chabala (chabala)? "

Da autoria do meu grande amigo Adolfo Luxúria Canibal.

14/12/04 01:21  

diz ...

dezembro 05, 2004

bd/ilustração

don seegmiller Posted by Hello
nunca fui capaz de ficar indiferente à beleza.


Blogger O poeta noctívago disse...

Penso que é impossível ficar-se indiferente à beleza, cara Cassandra. Considero que constatar a beleza de algo - seja de um quadro, seja de um poema, seja de um livro, seja de uma canção, et caetera - é sempre uma descoberta fantástica. Nomeadamente, a da beleza feminina. Assim, a perfeição acontece... quando se aglutina a mulher à poesia. Julgo mesmo que a última nasceu do ventre da primeira. :)

14/12/04 01:18  

diz ...

dezembro 03, 2004

onde estou?

dezembro 01, 2004

mulheres cuja beleza me faz estremecer
maggie cheung Posted by Hello