idanha-a-velha (19/04/2005)



do you really want to comment this one?

d. h. lawrence e as odes ao corpo feminino iii

figs [continued]

folded upon itself, and secret unutterable,
and milky-sapped, sap that curdles milk and makes ricotta,
sap that smells strange on your fingers, that even goats won't taste it;

folded upon itself, enclosed like any mohammedan woman,
its nakedness all within-walls, its flowering forever unseen,
onw small way of acess only, and this close-curtained from the light;

fig, fruit of the female mystery, covert and inward,
mediterranean fruit, with your covert nakedness,
where everything happens invisible, flowering and fertilisation,
and fruiting
in the inwardness of your you, that eye will never see
till it's finished, and you're over-ripe, and you burst to give up
your ghost.

till the drop of ripeness exudes.

and the year is over.

in d. h. lawrence, os animais evangélicos e outros poemas
(lx, relógio d'água, 1994)

porto covo ii

quero tocá-lo, sabes?
e, às vezes, estou quase a tocá-lo, mas luto comigo mesma e parece que as minhas mãos vão rebentar de tanto pulsar e que sangue e carne irão espalhar-se pelo ar se não o tocar, mas não o toco. não o toco e imagino o que aconteceria se o fizesse, se tivesse coragem. tocá-lo e sentir o sangue correr mais depressa. tocá-lo e aconchegar-me no seu calor. tocá-lo e sentir a minha pele consolar a dele, a dele proteger a minha. mas não o toco.
e o que lhe digo não é o que lhe quero dizer. falar-lhe-ia, um dia, enquanto o tocasse, com meiguice, do amor que sentira por ele, antes, agora. contar-lhe as hesitações, a paixão, o formigueiro nos dedos. nunca fui muito boa a dar nomes aos meus sentimentos, acho que nem sequer os consigo explicar, mas o que não consigo negar ou pôr em dúvida, é o facto de ter sentimentos. sim, quero estar com ele. sim, quero tocá-lo. sim, quero escutar o que ele tem para me dizer. e dar-lhe prazer. cheirar a pele dele quando a minha se lhe acostar e exigir mais calor.

junho 2003

the discovery of music, the discovery of harmony...
such a thing, could it be possible?

d. h. lawrence e as odes ao corpo feminino ii

figs [continued]

the italians vulgarly say, it stands for the female part;
the fig-fruit:
the fissure, the yoni,
the wonderful moist conductivity towards the centre.

involved,
inturned,
the flowering all inward and womb-fibrilled;
and but one orifice.

the fig, the horse-shoe, the squash-blossom.
symbols.

there was a flower that flowered inward, womb-ward;
now there is a fruit like a ripe womb.

it was always a secret.
that's how it should be, the female should always be a secret.

there never was any standing aloft and unfolded on a bough
like other flowers, in a revelation of petals;
silver-pink peach, venetian green glass of medlars and
sorb-apples, shallow wine-cups on short, bulging stems
openly pledging heaven:
here's to the thorn in flower! here is to utterance!
the brave, adventurous rosaceae.

in d. h. lawrence, os animais evangélicos e outros poemas
(lx, relógio d'água, 1994)

um vestido

porto covo i

não era nada disto que eu estava à espera. o marulhar das ondas, o ciciar da espuma nas rochas perturbara-me de forma inesperada e tudo dentro de mim, do meu sangue ganhava um som específico, tinia com o vento e as memórias que me açoitavam as faces. não ia chorar. tinha a certeza que, por entre os ruídos da natureza, o barulho das lágrimas resultaria ensurdecedor e mais profundos seriam os sulcos cavados entre o sal pousado no rosto. uma falésia, uma praia, rochas, de novo uma falésia, mais rochas, duas praias gémeas separadas por um barquito encalhado e carcomido pelos peixes, pela água e pelo sol. eram seis horas da tarde e eu sonhava com um crepúsculo exclusivo. e sorria diante daquela tolice.

junho 2003

d. h. lawrence e as odes ao corpo feminino i

figs

the proper way to eat a fig, in society,
is to split it in four, holding it by the stump,
and open it, so that it is a glittering, rosy, moist, honied, heavy-petalled four-petalled flower.

then you throw away the skin
which is just like a four-sepalled calyx,
after you have taken of the blossom with your lips.

but the vulgar way
is just to pout your mouth to the crack, and take out the flesh in one bite.
every fruit has its secret.

the fig is a very secretive fruit.
as you see it standing growing, you feel at once it is symbolic: and it seems male.
but when you come to know it better, you agree with the romans it is female.

[to be continued...]

in d. h. lawrence, os animais evangélicos e outros poemas
(lx, relógio d'água,1994)

esta podia ser eu...



flcl - furikuri (GAINAX, 2000-2001)

dou por mim impulsiva a dizer e a escrever coisas estranhas, impensadas, de que me arrependo mais tarde, não raras vezes, escassos minutos depois.
e, uma vez percebido o erro, não consigo descansar até o ver corrigido.
é que tem mesmo de ser, se não, não durmo.
e eu gosto mesmo de dormir...

idanha-a-velha (19/04/2005)

regresso ao trabalho.
neste preciso momento.
rodeada de recados, muitos - demasiados para o tempo da minha ausência -, listas e reclamações, sorrio e descubro que, afinal, até gosto disto.
do desafio que é arranjar uma solução satisfatória para ambas as partes.

entre o egocentrismo e a vaidade

admito.
sou vaidosa. ou egocêntrica.
gosto mesmo de mim.
e das minhas mamas.
e de ter a idade que tenho.
e dos cabelos brancos e prateados que vão começando a povoar a minha cabeleira.

agora, digam-me: sou egocêntrica ou, como o meu melhor amigo acabou de dizer, vaidosa?

p.s.1 sim, já está a crescer, mas sinto falta da sensação do cabelo comprido a chegar-me ao fundo das costas
p.s.2 apaguei o outro p.s. porque não fazia sentido mostrar algo tão íntimo aqui
p.s.3 e acho lindo encontrar pessoas que gostam realmente de si próprias!

manhã de um dia de primavera 

uma história minha ganhou um primeiro prémio!

p.s.: outra história minha ganhou o segundo prémio da mesma competição!

uau...! nem acredito!

... como se atravessasse
ou fosse atravessada...

(por) um vento
quente

bd/ilustração



lorenzo mattotti, lettres d'un temps éloigné (casterman, 2005)

friedrich nietzsche 2

vede o ar pálido e envergonhado que a lua adquire perante a aurora!
porque já surge a aurora, inflamada; vem cheia de amor pela terra. o amor do sol é sempre inocência e desejo criador.
vede como acorre impaciente do outro lado dos mares. não sentis a sede e o cálido alento do seu amor?
quer beber o mar e fazer subir até ele todas as profundezas, e o desejo do mar ergue para ele os seus mil seios.
ele quer ser beijado e aspirado pela sede do sol; quer tornar-se brisa e altura e caminho de luz, e mesmo luz.

friedrich nietzsche, assim falava zaratustra, livro ii

friedrich nietzsche 1

i. o autêntico homem quer apenas duas coisas: o risco e o jogo. é por isso que ele deseja a mulher, o mais perigoso dos brinquedos.
ii. o guerreiro não gosta dos frutos açucarados. é por isso que gosta da mulher: mesmo na mulher mais doce há qualquer coisa de amargo.
iii. tema o homem a mulher quando ela ama; ela não recuará perante nenhum sacrifício, e tudo o resto lhe parecerá sem valor.
iv. tema o homem a mulher quando ela odeia; porque o homem, no fundo da sua alma, é mau, mas a mulher é ruim.
v. a felicidade do homem é dizer: «eu quero». a felicidade da mulher é dizer: «ele quer.»
vi. a alma da mulher é superficial, é uma superfície movediça e agitada. mas a alma do homem é profunda, a sua corrente ruge em grutas subterrâneas; a mulher pressente essa força, mas não a compreende.

friedrich nietzsche, assim falava zaratustra, livro i

e já está! entrei em contagem decrescente! ;)

visitei a diane lynch e o que vejo?
new order em portugal!

passeio em dia de primavera iv 

passeio em dia de primavera iii 

passeio em dia de primavera ii 

passeio em dia de primavera i 

a conversa era casual, achava eu. até falarmos do "terrível" e "embaraçoso" que é estar nua, de luzes acesas, diante dos olhos daquela pessoa cujo carinho gostamos de sentir e procuramos, tão logo nos seja possível.

como assim!?
como assim, pergunto eu, "terrível" e "embaraçoso"!?

que raio se passa na cabeça destas mulheres? cresçam, porra!
o corpo feminino é das coisas mais belas que existem no universo!

miúdas de 30 anos que fodem o mesmo tipo há 10 anos sempre às escuras deviam ser internadas! ou então, serem forçadas a olhar-se diante de um espelho durante um dia inteiro até perceberem...

p.s.1: há aí alguma peça mal encaixada...