<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6455201\x26blogName\x3dsomatos+\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://somatos.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://somatos.blogspot.com/\x26vt\x3d4741292353555344611', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

março 30, 2005

aproveito para dar uma notícia em primeira mão e de última hora:
Paul Auster, lá, naquela cave do chiado, no dia 30 de Abril.
Blogger Amaral disse...

O romancista Paul Auster vem apresentar "A noite do oráculo", ou vem com outro propósito?
Não se paga nada, pois não?...

31/3/05 12:57  
Blogger cassandra disse...

ele só vem esbanjar charme :)
e o charme não se vende...

31/3/05 13:35  
Blogger cassandra disse...

é às 21H00. um sorriso meu para quem comparecer :)

31/3/05 13:38  
Blogger Amaral disse...

Jão tenho o teu blog nos meus favoritos.
Se achares por bem, acrescenta-me no teu!

3/4/05 02:53  
Blogger cassandra disse...

;)

3/4/05 19:47  

diz ...

março 25, 2005

eu gosto da sensação da chuva miúda a bater nas pernas desnudadas pelas saias...
Blogger Amaral disse...

Se eu fosse mulher, agradar-me-ia também essa sensação. Talvez porque gosto de a sentir na cabeça e no rosto. Talvez porque a chuva miúda é terna e doce quando cai. Talvez porque ela não molha nem encharca. Talvez porque limpa e desliza e acaricia. Talvez porque é doce e cheira e acalma.

26/3/05 20:37  
Blogger Luís Serpa disse...

E eu gosto das pernas desnudadas que chovem nos dias de chuva, que toco nos dias de noite, que vejo nos dias da mente, que mentem nos dias da cidade, que se passeiamm nos dias dos dias.

29/3/05 22:23  

diz ...

março 23, 2005

falei com dois amigos num só dia.
sou uma afortunada!
Blogger Amaral disse...

Ter amigos é uma fortuna! Falar com eles é disfrutar essa fortuna! Tê-los sempre ao nosso lado, nos bons e nos maus momentos é, afortunadamente, possuir um tesouro!

26/3/05 20:23  

diz ...

bd/ilustração Posted by Hello


craig thompson, blankets (top shelf, 2005)

março 21, 2005

sabes que tudo é possível?
fechas os olhos, imaginas-te lá (ou ainda mais além), inspiras fundo e deixas-te ir.
sentes. tudo. dentro e fora de ti.
como se tudo fosse realmente tudo.
Blogger Amaral disse...

Sei que tudo é possível!
Com a imaginação consegues tudo, principalmente se essa imaginação não provém dum lugar onde o pensamento se passeie.
Se os olhos fechados te deixarem possuir por algo mais profundo, a viagem descobrirá mesmo tudo, mesmo aquele que a mente não vai entender!...

22/3/05 13:46  

diz ...

março 16, 2005

acabo sempre por cair na armadilha e dou o dinheiro a quem mo dá no final de cada mês porque a isso é por lei obrigado.
eu não sou obrigada a dar, mas se chega à loja o novo do murakami, mesmo que seja em hardback... lá terá de ser!

haruki murakami, kafka on the shore (harvill press, 2005)

p.s.1: a edição em paperback da vintage sai em 2006.
p.s.2: depois de um ano a citar murakami até cair para o lado, houve quem me desse ouvidos (sérios ouvidos) e decidisse colmatar essa falha editorial.
la crème de la crème



in ellen von unwerth, revenge (2002)

março 15, 2005

no limbo entre o sono e o sonho, senti o corpo dela procurar o meu: uns seios que apenas desabrochavam colaram-se-me às costas cobertas por uma t-shirt velha, os pés dela enrolaram-se nos meus.
abri os olhos, agora completamente acordada. e sorri.
"posso?"
"claro..."
"deixa-me olhar para ti... a tua pele é tão clara..."
rodei o corpo, o elogio a arrepiar-me a nuca.
nas suas costas, um outra amiga dedicava-se a banhar-lhe o corpo com a língua. nunca a tinha visto tão descontraída num contexto sexual como naquele instante, completamente esquecida de nós e dela própria. olhos fechados, de vez em quando suspirava.
o meu corpo aquecia-se diante da visão daquelas carnes enrodilhadas: uma de pele morena a estalar na ossatura, a outra, cheia de vales e montanhas carnais.

as minhas mãos passearam-se pelas ancas dela, pressionaram-lhe a carne e os ossos.
atreveram-se a descer até à carne que já latejava, à espera daquele carinho. abriu-se mais ao sentir a invasão de um dedo, depois dois... a minha boca reclamou aqueles seios pequenos. demorei-me por aí até os suspiros que aqueles lábios iam soltando me deixarem igualmente sedenta.
rumei a sul.
nem sinais de pêlos.
molhada, bem molhada...
primeiro, lambi a parte de dentro das coxas. lentamente. molhava-a e soprava, o ar frio fazia-a arrepiar-se e rir para a almofada.
os meus lábios frescos contra os dela, rubros, assim, de repente, chocaram-na, pareceu-me.
mas os gemidos que se seguiram agradaram-me.

a outra amiga reclamou.
deixei-as.
afastei-me um pouco, os dedos já enfiados onde fazia falta qualquer coisa mais... sentia tudo muito quente dentro de mim, os músculos já tensos.
fiquei com a marca dos meus dedos num dos seios.
Blogger Amaral disse...

Quando se fala em homossexualidade, toda a gente põe o nariz no ar e arregala as orelhas.
Como se qualquer coisa de peganhoso ou horrível estivesse prestes a cair dos céus, pronto a atingir-nos.
É-se lésbica pela mesma razão por que se é canhota ou se tem o nariz arrebitado.
Antes de nascermos, a genética humana deixa definidas as nossas caracteristicas físicas. Não há nada de anormal numa lésbica ou num homossexual. Só apetece dizer: Celebrem a vida, amem o vosso corpo, sejam felizes!

16/3/05 21:01  
Blogger JPN disse...

que belo! belo o itinerário de um corpo. do desejo que nele pousou. bela a coragem de o dizer assim.

24/3/05 01:29  
Blogger cassandra disse...

lamento informar, mas eu não estava a falar de homossexualidade... isto foi puro sexo. tão natural quanto a nossa sede, ok? para mim, estar com uma mulher ou com um homem é fantasticamente natural. e igual.

18/5/05 22:17  

diz ...

i'll masturbate myself with a friend


http://www.masturbationhorror.com/

there's a simple lesson to be learned from all this. whenever possible, masturbate with a friend. don't do it alone. it's just too dangerous.

(won't you?)

big smile here...
amor de plástico vale 700 €

as bonecas insufláveis são um dos produtos mais procurados nas sex-shops, podendo os modelos mais caros atingir os 700 euros. as bonecas deste preço possuem um vibrador incorporado e são moldadas com as formas do corpo de uma mulher.
o mercado tem, no entanto, modelos de outros preços:
1. lacto doll - 3 entradas e vibração - 100 €
2. bronco busting - 3 entradas - 60 €
3. vicki honey doll - 3 entrada - 40 €

in correio da manhã
Anonymous Anónimo disse...

se se permite a publicidade do mundo das bonecas... http://www.realdoll.com/

16/3/05 00:09  
Blogger Amaral disse...

Não tenho nada contra as bonequinhas que, pelos vistos, são completas. Será que não terão também programas incorporados, tipo máquinas de lavar, onde se pode escolher as tarefas pretendidas?... Já agora!...
E, se estão à venda, é porque há compradores! Daí que, tudo bem! É só escolher!...

16/3/05 20:13  

diz ...

leitura da semana passada a prolongar por esta semana

i showed her a drawer of chalkhill and adonis blues, i have a beautiful var. ceroneus adonis and some var. tithonus chalkhills, and i pointed them out. the var. ceroneus is better than any they got in the n. h. museum. i was proud to be able to tell her something. she had never heard of aberrations.
"they're beautiful. but sad."
everything's sad if you make it so, i said.
"but it's you who make it so!" she was staring at me across the drawer. "how many butterflies have you killed?"
you can see.
"no, i can't. i'm thinking of all the butterflies that would have come from these if you'd let them live. i'm thinking of all the living beauty you've ended."

john fowles, the collector (london, vintage, 1998)

p.s.1: não leiam este livro, por favor. não o procurem em massa. é demasiado denso, perigoso, cheio de minuciosos detalhes, cheio de preciosismos descritivos. não é leitura de comboio. não é leitura de cabeceira.
p.s.2: é como se, de repente, eu tivesse descoberto mais um mundo, e bizarro ainda por cima.

março 13, 2005

tábua de esmeralda, ii Posted by Hello

o que está no alto é como o que está em baixo e o que está em baixo é como o que está no alto, para realizar os milagres de uma única coisa.

ÁGUA

in hermes trismegistos, tábua de esmeralda
(sintra, edições mar*fim, 1987)
tradução de dionísio cândido e inocente

março 11, 2005

olhem só este verde lindo! Posted by Hello

anja page, front door of the family of the aromatic plants (março 2005)

março 10, 2005

cheira a terra molhada!
:))
vejam se começam a acordar às 6h40: a alvorada é imperdível nestes dias nublados.
da minha varanda, naquele braço de nada difuso entre o rio e as nuvens, tudo se enche de um cor-de-rosa que me tira o fôlego...
Blogger O poeta noctívago disse...

Pequena correcção, estimada Cassandra: a alvorada é sempre imperdível! ;)

10/3/05 01:40  
Blogger Amaral disse...

Muito que gostaria ter essa visão, tão aí à mão!
Se eu tivesse uma varanda assim, podes crer, que não perderia essas alvoradas! Nem que depois, tornasse a meter-me entre os lençois, p'ro resto do sono!...
Como sou daqueles que acredita em Deus, seria uma maneira directa de falar com Ele! Coisas belas que só Ele concede!...

12/3/05 11:41  

diz ...

março 06, 2005

tábua de esmeralda, i Posted by Hello

é verdade, certo, sem mentira e muito verdadeiro:

FOGO

in hermes trismegistos, tábua de esmeralda
(sintra, edições mar*fim, 1987)
tradução de dionísio cândido e inocente

p.s.: reparem bem nestes três nomes assim juntinhos.
Blogger Luís Aguiar-Conraria disse...

Desculpa interromper assim o teu blogue. Apenas quero ter a certeza que viste a resposta que o Cristóvão de Aguiar deu ao teu comentário no meu blogue.

8/3/05 17:26  
Blogger Amaral disse...

Neste 8 de Março, um beijo e uma flôr!

8/3/05 22:48  
Blogger cassandra disse...

um :) p o amaral

9/3/05 00:36  
Blogger cassandra disse...

não interrompes nada, e vi, sim senhor :)
agrada-me discutir quaisquer questões linguísticas relacionadas com as línguas que domino e a possibilidade de o fazer com alguém como o cristóvão só aumenta o gosto nesse debate.
agradeço as tuas visitas.
um dia deste conto-vos o porquê de cassandra... (é claro que está relacionado com o sol)

cassandra

9/3/05 00:39  

diz ...

encanto Posted by Hello



luís franco (valença do minho, 31/12/2004)
Blogger Double S disse...

A beleza e a simplicidade que só a natureza nos pode dar...

8/3/05 18:13  

diz ...

suspeito que portugal não existe inteiramente no mundo real; há algo na qualidade da luz do sol, por exemplo, que eu só encontrei em sonhos.

neil gaiman, maio 2003 (lx, bdforum)
Anonymous Anónimo disse...

a qualidade da luz é regularmente testada nos indigenas. daí a qualidade das gentes que por cá temos...

6/3/05 19:30  

diz ...

março 04, 2005

desconfio que me viciei nos vossos comentários... sobretudo os de mulheres como a qed.
Blogger cassandra disse...

não imaginaste o "linda", eu apaguei-o precisamente devido à tua intenção de anonimato. e não me interessa como és fisicamente, este meu "linda" é quase sempre relativo à alma.
abraço :)

5/3/05 21:08  
Blogger Amaral disse...

Espero que não seja por falta deles que escrevas menos para este lugar...
Aquela história que encontrou um fim antecipado na tua cabeça, essa tem que se saber o que é!
É como todos estamos nesta vida: por vezes não sabemos o que estamos construindo; mas o final, esse, está assegurado!

5/3/05 23:55  

diz ...

março 03, 2005

cântico dos cânticos, livro viii

i. ah, quem me dera que fosses meu irmão e que tivesse sido amamentado nos seios de minha mãe! quando te encontrasse na rua, beijar-te-ia e não me desprezariam.
ii. levar-te-ia e introduzirte-ia na casa de minha mãe e tu me ensinarias. dar-te-ia a beber vinho aromático e o mosto das minhas romãs.
iii. a sua mão esquerda esteja sob a minha cabeça e a direita me abrace.
iv. peço-vos, ó filhas de jerusalém: não acordeis nem desperteis o meu amado, até que ele o queira.
v. quem é esta que sobe do deserto e vem tão agradavelmente encostada ao seu amado? debaixo de uma macieira te despertei, ali esteve a tua mãe com dores, ali esteve com dores aquela que te deu à luz.
vi. põe-me como um selo sobre o teu coração, como um selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte e o ciúme duro como a sepultura. as suas brasas são como as brasas de fogo, as labaredas do senhor.
vii. as inumeráveis águas não poderiam apagar este amor, nem os rios afogá-lo. caso alguém oferecesse todo o seu capital por este amor, certamente não o aceitariam.
viii. temos uma irmã pequena, que ainda não tem peitos. que faremos a esta irmã no dia em que falar?
ix. se ela for um muro, ergueremos sobre ela um palácio de prata e cercá-la-emos de madeira de cedro.
x. eu sou um muro e os meus peitos como as suas torres. era então aos seus olhos como aquela que encontra paz.
xi. teve salomão uma vinha em ball-hamon; entregou esta vinha a uns guardas; em troca, cada um lhe dava mil peças de prata.
xii. a vinha que tenho está diante de mim, as mil peças de prata são para ti, salomão, e duzentas para os guardas do seu fruto.
xiii. ó tu, que vives entre os jardins, para a tua voz os companheiros atentam. faz-me ouvir também.
xiv. vem depressa, amado meu, faz-te semelhante ao gamo e aos filhos dos veados sobre os montes dos aromas.

fim

in salomão, cântico dos cânticos (sintra, edições mar*fim, 1987)
tradução de maria simão

obs.: não me parece que a tradução deste último livro esteja tão bem conseguida quanto as dos anteriores...

março 02, 2005

rejeitei o que andava a escrever. não é muito, nada de mais, realmente. comecei outra história.
rejeitei qualquer coisa que não chegou a receber nome.
pesava-me na nuca, sabem? e não quero escrever assim, como se as peças não encaixassem e eu as forçasse a encontrarem-se, quando não foram inventadas com esse propósito.

o que hoje comecei a escrever, já encontrou um fim na minha cabeça. é assim que eu gosto.
Blogger João Neto disse...

O acto da escrita é difícil, ingrato, desesperante, um vampiro das nossas forças, um constante revisar, um implacável espelho da nossa crítica, uma fonte de insegurança, etc. etc. etc. Mas ainda mais difícil é, querendo, não escrever. Desejo-te a melhor das sortes mas que não precises de muita. Beijo.

4/3/05 14:49  
Blogger cassandra disse...

obrigada :)
abraço p ti

5/3/05 21:20  

diz ...

bd/ilustração Posted by Hello



renaud dillies, sumato (paquet, 2004)
cântico dos cânticos, livro vii

i. que belos são os teus pés nos sapatos, ó filha do príncipe! as voltas das tuas coxas são como jóias trabalhadas por mãos de artista.
ii. o teu umbigo é como uma taça redonda repleta de bebida; o teu ventre como um monte de trigo cercado de lírios.
iii. s teus dois seios são como os dois filhos da gazela.
iv. o teu pescoço é como a torre de marfim; os teus olhos como os viveiros de hesbon, junto à porta de batharabbim; o teu nariz como a torre do líbano de que se olha para damasco.
v. a tua cabeça é como o monte carmelo e os teus cabelos como a púrpura: o rei está preso pelas tuas tranças.
vi. quão bela e quão amável és, ó amor em delícias.
vii. o teu porte é semelhante ao da palmeira e os teus seios aos cachos de uva.
viii. dizia eu: subirei à palmeira, pegarei em seu ramos - e então os teus seios serão como os cachos de uva, e o cheiro da tua respiração como o das maçãs.
ix. e o teu paladar como o bom vinho para o meu amado, o que se bebe suavemente e faz com que falem os lábios dos que dormem.
x. eu sou do meu amado e ele me deseja.
xi. vem, ó meu amado, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias.
xii. levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras - ali te darei o meu imenso amor.
xiii. as mandrágoras dão cheiro e às nossas portas existem excelentes frutos, novos e velhos; ó amado meu, eu os guardei para ti.

in salomão, cântico dos cânticos (sintra, edições mar*fim, 1987)
tradução de maria simão
"a teta era bem-vinda, sempre acalma."

animah

poesia às duas e meia da manhã...
o momento mais precioso é aquele em que, longe de ti, te desejo tanto que a pele cede perante a pressão da carne e tu nem desconfias.
o sol nas faces numa manhã de inverno Posted by Hello



luís franco (valença do minho, 31/12/2004)
pesadelo sem nome - alucinação #02/0305

uma figura feminina sentada numa cadeira de baloiço, muito velha já, com teias de aranha debaixo do assento, embalava um bebé adormecido, ao som de uma cantiga doce, amorosa, o rosto delicada e quasi eroticamente roçando o do menino.
vindo do nada, de um céu azul e limpo, um trovão calou os pássaros de primavera e um relâmpago seráfico escureceu o dia; durou um instante apenas, instante durante o qual a mulher estremeceu e cingiu mais e amorosamente o seu filho.
lentamente, como num pesadelo ou num filme antigo e a preto e branco, desviou o olhar do céu para o bebé e, descobrindo-o morto, sorriu na demência naturalmente esperada de mãe.
o poço mais fundo da aldeia estava a poucos metros de distância.
digo o que sinto no escuro ao teu ouvido e ouço o ar quente matar o frio.


*** ou ***

digo o que sinto no escuro
ao teu ouvido e ouço o ar
quente matar o frio

(isto podia ser um haiku... não, não podia)
se receias a morte, não consegues amar.
amar sem saber que terra pisas, nem sequer saber se há terra a pisar.
amar enrolado em ânsias, de dores extáticas, propiciador de momentos prenhes de sonhos e de visões.
amar como se fosses raio de aurora que passa devagarinho e imaculado por entre ramos de árvores caídas, por ermos indistintos e podres, para chegar ao ponto de partida, ao pai puro e ingénuo.
se receias morrer, receias viver.
receias os segredos inegáveis que estão do outro lado do espelho, autênticas paisagens nuas e belas.
Blogger Unknown disse...

viver é um constante renascer, é nascer e morrer muitas vezes
não penso que seja o medo que nos conduz, mas a consciencia do constante fracasso para lidar com falhas.

2/3/05 23:08  
Blogger Double S disse...

Na vida por vezes temos medo de avançar, de dar o salto no escuro. Devemos faze-lo, do outro lado pode estar aquilo que tanto procuramos.

4/3/05 14:57  

diz ...

quando o conheci, há uns quatro anos e qualquer coisa atrás, ele escrevia assim:

"Ajeitar a cadeira para junto da janela aberta e sentar-me a fumar, ouvindo Piazzola, permitindo-me sonhar um pouco com uma mulher ou com um futuro de escrita, sem estas dores tão comuns ao meu espírito.
E dormir. Pensar noutra coisa."

hei-de sempre reconhecer o teu escrever, vincent, não importa que mudanças te atravessem a ti e à tua vida. parabéns. já deixaste para trás alguns fantasmas.