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março 02, 2005

pesadelo sem nome - alucinação #02/0305

uma figura feminina sentada numa cadeira de baloiço, muito velha já, com teias de aranha debaixo do assento, embalava um bebé adormecido, ao som de uma cantiga doce, amorosa, o rosto delicada e quasi eroticamente roçando o do menino.
vindo do nada, de um céu azul e limpo, um trovão calou os pássaros de primavera e um relâmpago seráfico escureceu o dia; durou um instante apenas, instante durante o qual a mulher estremeceu e cingiu mais e amorosamente o seu filho.
lentamente, como num pesadelo ou num filme antigo e a preto e branco, desviou o olhar do céu para o bebé e, descobrindo-o morto, sorriu na demência naturalmente esperada de mãe.
o poço mais fundo da aldeia estava a poucos metros de distância.