das guerras políticas
sabemos que as troianas foi representada pela primeira vez em 415. sabemos também que o contexto histórico propiciava a abordagem feita por eurípides a um tema tão amargo como a ruína de uma cidade e a chacina de um povo: em 416, a ilha de melos fora tomada pelos atenienses que procederam a um saque medular, finalizando com a chacina dos seus habitantes e discutia-se já, no auge desta vitória inglória, uma expedição à sicília.
se as troianas pretendesse alertar os espíritos para o perigo de uma tal aventura, eurípides teria falhado. esta tragédia, porém, tal como hécuba, não é senão a expressão do pensamento do tragediógrafo, a expressão de uma desilusão generalizada em relação à quebra dos valores sociais e em relação ao caos que se vivia. que eurípides impugna a guerra, parece não haver dúvidas, mas não devemos interpretar linearmente as troianas como uma mensagem política de alguém que pretende interferir no funcionamento político-social da πόλις.
a tragédia era um excelente palco para gritar contra os tiranos, porque a ambição cega que os atingia não lhes permitia ver com clareza os seus erros. situar esta realidade coeva nos tempos idos da tróia, a cidadela luzidia de ouro, era gritar o mais alto possível que o fim seria terrível e que o vencedor seria, de alguma forma, vencido.
eurípides, creditando ou não os rumores sobre o seu isolamento a nível político, era um cidadão de atenas e, como tal, um espectador da capacidade devastadora daquele poder tirânico.
como cidadão de atenas, o silêncio ser-lhe-ia ignóbil ou apenas quase insuportável?
sabemos que as troianas foi representada pela primeira vez em 415. sabemos também que o contexto histórico propiciava a abordagem feita por eurípides a um tema tão amargo como a ruína de uma cidade e a chacina de um povo: em 416, a ilha de melos fora tomada pelos atenienses que procederam a um saque medular, finalizando com a chacina dos seus habitantes e discutia-se já, no auge desta vitória inglória, uma expedição à sicília.
se as troianas pretendesse alertar os espíritos para o perigo de uma tal aventura, eurípides teria falhado. esta tragédia, porém, tal como hécuba, não é senão a expressão do pensamento do tragediógrafo, a expressão de uma desilusão generalizada em relação à quebra dos valores sociais e em relação ao caos que se vivia. que eurípides impugna a guerra, parece não haver dúvidas, mas não devemos interpretar linearmente as troianas como uma mensagem política de alguém que pretende interferir no funcionamento político-social da πόλις.
a tragédia era um excelente palco para gritar contra os tiranos, porque a ambição cega que os atingia não lhes permitia ver com clareza os seus erros. situar esta realidade coeva nos tempos idos da tróia, a cidadela luzidia de ouro, era gritar o mais alto possível que o fim seria terrível e que o vencedor seria, de alguma forma, vencido.
eurípides, creditando ou não os rumores sobre o seu isolamento a nível político, era um cidadão de atenas e, como tal, um espectador da capacidade devastadora daquele poder tirânico.
como cidadão de atenas, o silêncio ser-lhe-ia ignóbil ou apenas quase insuportável?
Excelente visão da tragédia. Queria autorização para publicar o texto no meu blogue (http://linguaseliteraturasclassicas.blogspot.com/). Desde já agradecido.
autorização dada.
és de clássicas (lx)?
Sim, finalista de Clássicas, na FLUL :D
O texto será publicado daqui a pouco!!
tb sou finalista de classicas, sei lá, pela 3ª vez (muitos risos)! este ano vou fazer uma cadeira: linguística latina. vejo-te por lá :)
diz ...