<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6455201\x26blogName\x3dsomatos+\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://somatos.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://somatos.blogspot.com/\x26vt\x3d4741292353555344611', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

setembro 28, 2004

reescrita iv

caminho apressada.
caminho apressada para ir ter contigo antes que partas definitivamente. antes que me esqueças. eu não te esquecerei. caminho a chorar porque sei que já me esqueces. mesmo agora, quando me beijas as lágrimas e as tuas mãos me erguem o vestido. o vento sussurra cheio de ciúmes e fustiga-nos a pele suada.

a primeira coisa que notei ao entrar no único clube nocturno da ilha, instalado numa cave enorme, foi a cerrada névoa de tabaco expelido que ali se concentrava viciosamente. a cantora era outra que não susana, a minha ex-relação extra-conjugal. esta voz era mais rouca, mais lenta e menos amena. devia ser por esta nova cantora que, naquela noite, o clube estava a abarrotar. ao balcão, tive de berrar para que o barman despertasse do seu devaneio, também ele concentrado na figura feminina no cimo do palco, cheia de promessas na garganta.
quando já tinha o meu vodka na mão, voltei-me teatralmente no banco e fiquei perplexo, duvidoso das minhas faculdades visuais. o vodka não me soube tão deliciosamente vulcânico como de costume.
naquele estrado, rodeado de reposteiros vermelhos envelhecidos, poeirentos e com alguns ferimentos de guerra, guerreava sibele com a sua própria consciência. todos quanto assistiam, estavam estáticos, apesar de nada calados. observavam-na. alimentavam-se dela, com olhares cobertos de avidez sexual. os rostos daqueles homens, novos e velhos, casados, a maior parte, diziam-me muito. viam sibele nas suas camas, a falar-lhes com aquela voz que nada tinha da sua voz normal, porejando debaixo dos seus corpos. a atmosfera ia ficando impregnada de um cheiro a esperma e a frustrações.
abstraí todas aquelas anotações mentais, concentrando-me nela. a cada lento minuto, também eu lhe ia despindo uma peça de roupa e a cada lento minuto, eu e ela ficávamos mais sozinhos naquele lugar infecto.