reescrita iv
caminho apressada.
caminho apressada para ir ter contigo antes que partas definitivamente. antes que me esqueças. eu não te esquecerei. caminho a chorar porque sei que já me esqueces. mesmo agora, quando me beijas as lágrimas e as tuas mãos me erguem o vestido. o vento sussurra cheio de ciúmes e fustiga-nos a pele suada.
a primeira coisa que notei ao entrar no único clube nocturno da ilha, instalado numa cave enorme, foi a cerrada névoa de tabaco expelido que ali se concentrava viciosamente. a cantora era outra que não susana, a minha ex-relação extra-conjugal. esta voz era mais rouca, mais lenta e menos amena. devia ser por esta nova cantora que, naquela noite, o clube estava a abarrotar. ao balcão, tive de berrar para que o barman despertasse do seu devaneio, também ele concentrado na figura feminina no cimo do palco, cheia de promessas na garganta.
quando já tinha o meu vodka na mão, voltei-me teatralmente no banco e fiquei perplexo, duvidoso das minhas faculdades visuais. o vodka não me soube tão deliciosamente vulcânico como de costume.
naquele estrado, rodeado de reposteiros vermelhos envelhecidos, poeirentos e com alguns ferimentos de guerra, guerreava sibele com a sua própria consciência. todos quanto assistiam, estavam estáticos, apesar de nada calados. observavam-na. alimentavam-se dela, com olhares cobertos de avidez sexual. os rostos daqueles homens, novos e velhos, casados, a maior parte, diziam-me muito. viam sibele nas suas camas, a falar-lhes com aquela voz que nada tinha da sua voz normal, porejando debaixo dos seus corpos. a atmosfera ia ficando impregnada de um cheiro a esperma e a frustrações.
abstraí todas aquelas anotações mentais, concentrando-me nela. a cada lento minuto, também eu lhe ia despindo uma peça de roupa e a cada lento minuto, eu e ela ficávamos mais sozinhos naquele lugar infecto.
caminho apressada.
caminho apressada para ir ter contigo antes que partas definitivamente. antes que me esqueças. eu não te esquecerei. caminho a chorar porque sei que já me esqueces. mesmo agora, quando me beijas as lágrimas e as tuas mãos me erguem o vestido. o vento sussurra cheio de ciúmes e fustiga-nos a pele suada.
a primeira coisa que notei ao entrar no único clube nocturno da ilha, instalado numa cave enorme, foi a cerrada névoa de tabaco expelido que ali se concentrava viciosamente. a cantora era outra que não susana, a minha ex-relação extra-conjugal. esta voz era mais rouca, mais lenta e menos amena. devia ser por esta nova cantora que, naquela noite, o clube estava a abarrotar. ao balcão, tive de berrar para que o barman despertasse do seu devaneio, também ele concentrado na figura feminina no cimo do palco, cheia de promessas na garganta.
quando já tinha o meu vodka na mão, voltei-me teatralmente no banco e fiquei perplexo, duvidoso das minhas faculdades visuais. o vodka não me soube tão deliciosamente vulcânico como de costume.
naquele estrado, rodeado de reposteiros vermelhos envelhecidos, poeirentos e com alguns ferimentos de guerra, guerreava sibele com a sua própria consciência. todos quanto assistiam, estavam estáticos, apesar de nada calados. observavam-na. alimentavam-se dela, com olhares cobertos de avidez sexual. os rostos daqueles homens, novos e velhos, casados, a maior parte, diziam-me muito. viam sibele nas suas camas, a falar-lhes com aquela voz que nada tinha da sua voz normal, porejando debaixo dos seus corpos. a atmosfera ia ficando impregnada de um cheiro a esperma e a frustrações.
abstraí todas aquelas anotações mentais, concentrando-me nela. a cada lento minuto, também eu lhe ia despindo uma peça de roupa e a cada lento minuto, eu e ela ficávamos mais sozinhos naquele lugar infecto.
diz ...