<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6455201\x26blogName\x3dsomatos+\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://somatos.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://somatos.blogspot.com/\x26vt\x3d4741292353555344611', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

setembro 27, 2004

reescrita iii

galhos nus cativam a atenção da neve que, solitária, desce sobre eles, abençoada e ali faz o seu ninho de inverno. junto a uma dessas árvores dou o meu primeiro beijo. o vento sussurra por entre casas abandonadas.

a ida à praia foi um impulso. nem sei se algo me dizia que ela lá estaria ou não, mas sibele lá estava, calma e sorridente, recebendo os primeiros raios de sol.
- o nascer do sol é sempre deslumbrante, não achas?
- prefiro o crepúsculo. O nascer do sol é-te mais esteticamente agradável de ver que um homem morto?
um simples sorriso maternal alforou-lhe aos lábios e depressa se transformou num riso condescendente cujo eco se escutava pela areia molhada.
- tens algum problema em relação ao crime que cometi? achas que o facto de ter morto alguém condiciona as minhas acções presentes?
- claro.
- claro porquê? não vejo nada de óbvio nisso. foi algo pontual, aconteceu num momento que quase não ocupa espaço na minha vida. não tornei a fazê-lo. não tenciono matar de novo.
- como podes estar tão segura? foi uma decisão, a morte do teu irmão?
- é sempre uma decisão a morte de alguém.
permanecemos em silêncio, so sol descendo sobre o seu rosto, fazendo-a parecer mais delicada, mais mulher ainda.
- o que é que te passa pela cabeça quando me olhas desse jeito?
- que amavas o teu irmão. que és instável. que amas demasiado a vida.
- a minha vida.
- não creio que seja apenas a tua vida. há qualquer coisa mais relativamente ao teu irmão que não contaste.
- o que é que estás à espera de ouvir?
- nada que não seja verdade.
subimos a falésia e, no cimo, sibele, com uma voz extremamente meiga, sussurrou:
- o nascer do sol é o nascer de tudo, é um renascer simbólico. de vez em quando, todos deveriam deixar as vidas monótonas que têm e partir para longe, começar de outra forma. e quando essa vida se tornar monótona também, partir de novo. mas as pessoas não raciocinam, não reflectem, não ponderam sobre nada que lhes possa custar mais de cinco minutos do seu precioso tempo. há decisões que levam uma vida inteira a serem pensadas... a vida é uma semente. uma semente que, ou cresce e torna-se flor e desabrocha, linda e fresca, ou então, não cresce, agoniza e morre antes de uma vida.
- foi o que te aconteceu?
hesitante, a resposta veio por fim, com um suspiro.
- talvez. talvez tenha sido exactamente isso que me aconteceu.