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maio 01, 2005

porto covo, iii

o mar esfrega-se na areia, em busca de satisfação. formas brancas com asas cortam o azul terno do céu. e as rochas parecem hipnotizadas com o verde da água. um bebé chapinha junto à água, dá um pontapé na espuma e ri e a vida é só isso. uma sombra disfarçada com luz, com riso, para evitar perguntas, impedir que questionem a estranheza da expressão, a distância que vai dos lábios ridentes às pálpebras atordoadas. novo pontapé na espuma. novo riso. para uma criança tão nova a vida só tem de ser isso: mar, sol e ternura.
a maré vai subindo e o mar engole a areia que aceita, com volúpia muda, as carícias cada vez mais agrestes da companheira. outro bebé planta-se à beira da água, chapéuzinho azul e calçõezinhos aos quadrados vermelhos, verdes e azuis. e solta uma gargalhada saborosa de cada vez que a água lhe banha o parzinho de pés felizes. olho os meus próprios pés e não há nada que me preocupe: são bonitos e durante algum tempo, tiveram a sua parte de felicidade ingénua. agora, é um homem de meia-idade que, com um bronzeado perigoso e uns fios de cabelo desonestos, tenta fingir que é um outro, ele próprio, vinte anos mais novo. mas a forma como olha os seus pés e a água que agora está mais mansa denunciam a inutilidade do fingimento: ele sabe quem é e quem foi e que já tudo passou.
a facilidade com que as crianças fazem amizades nunca deixará de me fazer sentir inveja. tão simples, tão natural, sem sofrimento. eu nunca fiz amizades assim. mesmo agora, que me compreendo um pouco melhor, que me liberto um pouco mais, nunca é algo que eu faça sem alguma inquietação. custa-me fazer amigos porque receio perdê-los de um momento para o outro.

junho 2003
Blogger cassandra disse...

sabes aqueles homens entre os 50 e os 60 anos, indisfarçavelmente carecas, salvo alguns fios de cabelo que eles decidem «pentear» de forma a esconder a calvíce? é disso que falo, dessa desonestidade. :)

2/5/05 22:58  

diz ...