<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6455201\x26blogName\x3dsomatos+\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://somatos.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://somatos.blogspot.com/\x26vt\x3d4741292353555344611', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

julho 22, 2004

HÉCUBA


SOMBRA DE POLÍDORO

Eis-me, tendo deixado os subterrâneos dos mortos e as portas das trevas,
onde Hades vive, longe dos deuses;
eu, Polídoro, nascido de Hécuba, filha de Cisseu,
e tendo por pai Príamo que, quando a cidade dos Frígios
corria o risco de sucumbir à lança grega,
receoso, me enviou para fora do solo troiano às escondidas,
para casa de um hóspede trácio, Polimestor,
que semeia esta excelente planície do Quersoneso,
governando com a lança um povo amigo do cavalo.
Secretamente , meu pai enviou comigo muito ouro
para que, se um dia os muros de Ílion caíssem,
não fosse miserável a vida para os filhos sobreviventes.
Eu era o mais novo dos Priamidas, motivo pelo qual me
fez sair do país, já que não era ainda capaz de segurar nem o escudo
nem a lança no meu jovem braço.
Enquanto as fronteiras do país permaneceram ali mesmo,
enquanto os muros do solo troiano permaneceram intactos,
enquanto o meu irmão Heitor foi afortunado com a lança,
eu, nobremente tratado pelo homem trácio, hóspede do meu pai,
cresci como um jovem ramo, infeliz!
Quando Tróia e a vida de Heitor foram destruídas,
quando o lar paterno foi arrasado,
e o próprio pai, perto do altar erigido em honra dos deuses,
caiu, degolado pelo filho assassino de Aquiles,
mata-me a mim o hóspede do meu pai, miserável,
por causa do meu ouro, e, tendo-me morto, deixa-me
sobre as vagas do mar, para que fique só ele em casa com o ouro.
Jazo, sobre as margens, outras vezes nas ondas do mar
levado pelo contínuo ir e vir das vagas,
sem lágrimas, sem túmulo. Agora, esvoaço sobre Hécuba,
minha mãe querida, tendo abandonado o meu corpo,
há já três dias que flutuo no ar,
desde que a minha desgraçada mãe chegou de Tróia
a esta terra do Quersoneso.
Todos os Aqueus, com as naus quietas,
permanecem nas margens desta região da Trácia
pois Aquiles, filho de Peleu, aparecendo sobre a tumba,
retém toda a armada grega,
que conduzia os remos marítimos em direcção a casa,
e exige a minha irmã Políxena
como vítima submissa de um sacrifício sobre a tumba
para a tomar como prémio.
E com isso, será honrado, e não ficará sem oferendas
da parte dos seus queridos companheiros. Hoje,
é conduzida a minha irmã, eleita pelo destino, para a morte.
A nossa mãe porá os olhos nos dois cadáveres dos seus dois
filhos: o meu e o da sua desgraçada filha.
E aparecerei, para encontrar uma miserável sepultura,
no movimento das ondas diante dos pés da escrava.
Pois implorei aos poderosos do inferno
encontrar um túmulo e cair nas mãos da minha mãe.
Então, será alcançado o que eu desejava.
Retirar-me-ei para longe da velha
Hécuba, pois está já a sair de dentro da tenda
de Agamémnon, assustada com o meu fantasma.
Infeliz!
Ó mãe, que saíste da casa de reis
e viste o dia da escravatura, assim atravessas a desgraça
como um dia atravessaste a felicidade. Para equilibrar a
felicidade de outrora, algum dos deuses te arruina.


HÉCUBA

Vamos, ó filhas, conduzi a velha até casa,
para a companheira de escravatura voltar.
Troianas, a mim, outrora rainha.
tomai-me, levai-me, acompanhai-me, levantai-me
agarrando a minha velha mão.
E eu, apoiada sobre os ceptro tortos dos vossos braços,
apressarei a caminhada lenta
das articulações, avançando.
Ó brilho de Zeus, ó noite tenebrosa,
porque sou acordada assim, durante a noite,
por medos e fantasmas? Ó terra poderosa,
mãe de sonhos de negras asas,
recuso a visão nocturna, pois
tive uma visão assustadora e vi e reconheci através de sonhos
o meu filho que está a salvo na Trácia
e a minha querida filha Políxena.

Eurípides, Hecuba, vv. 1-76 (tradução minha)