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fevereiro 23, 2009

hermann ungar (1893-1929)





desde que descobri este autor checo, por mero acaso, há uns anos atrás, num catálogo de uma pequena editora, que o meu coração não bate da mesma forma quando pego numa das suas obras para reler.
é um misto de ansiedade e de arrebatamento: custa-me dormir quando leio ungar.

em 1920, publicou duas novelas escritas em alemão, "a man and a maid" e "story of a murder", sob o título boys & murderers, que viria a ser o título dado, pela editora checa twisted spoon press, a uma colectânea onde se incluem aquelas novelas e uma série de contos, alguns nunca antes publicados.
thomas mann escreveu no prefácio a uma recolha de contos de ungar, "colbert's journey", publicada em alemão em 1930:

' in his unlaughing comic sense, his sexual melancholy, in the bitter and often uncannily deliberate way in which he expresses his vision of life - in his mental and even his physical physiognomy there is a pallor, a fatal mark, an austere hopelessness.'(1)

três anos depois, publicava the maimed (2), que gerou muita controvérsia devido ao conteúdo sexual explícito e à violência eroticizada(3). e, na verdade, franz polzer até vive no mesmo cosmos que joseph k., seu contemporâneo. os medos e as pulsões são os mesmos, mas a neurose do primeiro é vivenciada de uma forma interna: polzer está preso a convenções, a regras sociais, a condicionalismos profissionais, ao decoro, e a um conhecimento tão extensivo de todas essas prescrições que o mesmo se torna sufocante (4), a tal ponto que extravia completamente do seu lugar na sociedade, primeiro em consciência, e na fase final quando passa à acção desmesurada. polzer é um mutilado, é imperfeito e essa é a sua frustração, porquanto ser perfeito como todos os outros, indistinto na multidão, era tudo o que sempre desejara.


em 1927, era publicada the class, onde hermann ungar nos apresenta mais uma personagem multidimensional, de seu nome josef blau, professor de profissão:com a ansiedade e o nervosismo presentes, acompanhamos este indivíduo extremamento inseguro diante dos seus alunos, que imagina virem a revoltar-se contra ele, reduzindo-o a uma anedota, desde a tentativa de impôr uma rigidez e uma disciplina gélidas na sala de aula às alucinações e às náuseas constantes quando percebe que a mesma disciplina que ele pensara servir de controlo despoletara já o movimento de rejeição total, de rebelião.

'josef blau hesitated for a moment before opening the door. would the shouts die away when he entered, would they submit, sitting at their desks, look at him in silence, or would the rebellion that would sweep him away break out immediately? he opened the door. the boys stood up, then sat down in silence at his sign. he did not look at the class. he felt their eyes on him, testing, probing, piercing, shameless eyes rumaging round inside him, curious eyes that missed nothing, neither a new line that had etched itself on his face, nor a different, more hesitating step, nor a changed heartbeat.' (5)


a escrita é crua e incisiva, a linguagem inteiramente desprovida de artifícios.
será esperar demasiado que seja, um dia, editado em português?


notas:
(1) in hermann ungar, boys & murderers (twisted spoon press, 2006), p. 10.

(2) existem duas edições em inglês, ambas publicadas em 2002: a primeira, pela dedalus, foi traduzida por mike mitchell; a segunda edição é da chancela da twisted spoon press, com uma tradução de kevin blahut.
(3) stefan zweig expressou a opinião generalizada, dizendo que era uma obra surpreendente e horrível, cativante e repulsivo, inesquecível, embora uma pessoa gostasse de ser capaz de a esquecer.
(4) sempre achei que a desorientação em crescendo de joseph k. existe numa dialéctica tensa com a ausência de identificação, de delimitação, ausência mesmo de agente opressor, mas não se fica por aqui claro, nem pretendo aspirar a analisar esse labirinto.
(5) in hermann ungar, the class (dedalus books, 2004), p. 150.

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