nippon koma
as intenções da culturgest são excelentes. na verdade, indiciam uma realidade estranha em portugal: existe alguém com poderes, num cargo que exige responsabilidade e conhecimentos, e esse alguém trabalha bem.
organizar uma mostra de cinema japonês que atraia público na cidade de lisboa não é difícil, mas quando se selecciona sobretudo anime e documentários, corre-se um risco bizarro, e é por isso que elogio o trabalho e a vontade dessa pessoa influente e culta (não sei quem é, se é uma pessoa colectiva ou não, mas pouco importa).
no entanto, não podia deixar passar algumas falhas nesta mostra.
comecemos pelo folheto informativo da mesma.
i. na página 2 do pdf disponibilizado no site, podemos ler que o filme 5 centímetros por segundo, de shinkai makoto, tem a duração de 87 minutos. ora, é falso. o filme tem exactamente 63 minutos de duração, créditos incluídos. assim está registado no dvd que tenho com o filme e assim informa a wikipédia e o site www.imdb.com;
ii. para meu espanto, e na mesma página, li, pela 1ª vez na vida, fantasma na concha - complexo solitário volume 1. inacreditável, não é? bom, é positivo: a pessoa responsável pela produção do folheto é, certamente, original e divertida;
iii. na página 12 do mesmo folheto, podemos ler, numa espécie de sinopse do melhor filme de animação deste ano, tekkon kinkreet, que esta animação "deixa de lado [os] estereótipos a favor de características mais realistas e europeias", algo que apenas alguém que não viu o filme pode escrever, porque o filme é muito muito asiático e novo-asiático. de ocidental tem a fluidez do movimento - mas a produtora é a sony, eles pagaram para terem lá os melhores a tratar disso! -, os desenhos, os diálogos, a caracterização, a trama, é tudo tão intenso e oriental que esta frase de folheto informativo chega a ser insultuosa.
no primeiro dia da mostra, pude assistir a uma conferência intitulada «anime e documentários japoneses» pela professora hirano kyoko. foi ligeiramente aborrecida, pelo simples facto de já ter lido tudo quanto ela disse no folheto informativo. a única informação nova era de cariz biográfico, sobre os realizadores mais relevantes da história da anime e do cinema documental japonês.
mais importante que isso, foi, aquando das perguntas que o público pôde fazer à professora, a mesma ter admitido não conhecer o trabalho do realizador shinkai makoto. e no entanto, esta investigadora já analisou mais de 800 filmes japoneses realizados entre 1986 e 2004, segundo informação daquele folheto.
por fim, quer-me parecer que esta mostra podia ser mais rica, no que respeita à quantidade de fimes, documentários e anime. a qualidade não esteve em falta aqui.
as intenções da culturgest são excelentes. na verdade, indiciam uma realidade estranha em portugal: existe alguém com poderes, num cargo que exige responsabilidade e conhecimentos, e esse alguém trabalha bem.
organizar uma mostra de cinema japonês que atraia público na cidade de lisboa não é difícil, mas quando se selecciona sobretudo anime e documentários, corre-se um risco bizarro, e é por isso que elogio o trabalho e a vontade dessa pessoa influente e culta (não sei quem é, se é uma pessoa colectiva ou não, mas pouco importa).
no entanto, não podia deixar passar algumas falhas nesta mostra.
comecemos pelo folheto informativo da mesma.
i. na página 2 do pdf disponibilizado no site, podemos ler que o filme 5 centímetros por segundo, de shinkai makoto, tem a duração de 87 minutos. ora, é falso. o filme tem exactamente 63 minutos de duração, créditos incluídos. assim está registado no dvd que tenho com o filme e assim informa a wikipédia e o site www.imdb.com;
ii. para meu espanto, e na mesma página, li, pela 1ª vez na vida, fantasma na concha - complexo solitário volume 1. inacreditável, não é? bom, é positivo: a pessoa responsável pela produção do folheto é, certamente, original e divertida;
iii. na página 12 do mesmo folheto, podemos ler, numa espécie de sinopse do melhor filme de animação deste ano, tekkon kinkreet, que esta animação "deixa de lado [os] estereótipos a favor de características mais realistas e europeias", algo que apenas alguém que não viu o filme pode escrever, porque o filme é muito muito asiático e novo-asiático. de ocidental tem a fluidez do movimento - mas a produtora é a sony, eles pagaram para terem lá os melhores a tratar disso! -, os desenhos, os diálogos, a caracterização, a trama, é tudo tão intenso e oriental que esta frase de folheto informativo chega a ser insultuosa.
no primeiro dia da mostra, pude assistir a uma conferência intitulada «anime e documentários japoneses» pela professora hirano kyoko. foi ligeiramente aborrecida, pelo simples facto de já ter lido tudo quanto ela disse no folheto informativo. a única informação nova era de cariz biográfico, sobre os realizadores mais relevantes da história da anime e do cinema documental japonês.
mais importante que isso, foi, aquando das perguntas que o público pôde fazer à professora, a mesma ter admitido não conhecer o trabalho do realizador shinkai makoto. e no entanto, esta investigadora já analisou mais de 800 filmes japoneses realizados entre 1986 e 2004, segundo informação daquele folheto.
por fim, quer-me parecer que esta mostra podia ser mais rica, no que respeita à quantidade de fimes, documentários e anime. a qualidade não esteve em falta aqui.
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