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setembro 21, 2006

ontem, o bom humor restaurado pela aula de condução no meio de um congestionamento inacreditável e educativo, apanhei o 21 no saldanha. na paragem seguinte entra uma mulher, com uns 35 anos roliços. imediatamente, a mulher começou a pregar. estou a falar a sério! começou a pregar com aquele tipo de ladainha do género "igreja universal do reino de deus", numa tentativa inglória de evangelização on the go.
começou por abordar uma moça, acabada de sair da adolescência, obviamente grávida e sem um anel nos dedos. de notar, em primeiro lugar, a extraordinária capacidade de observação da envagelizadora. "irmã, todos nós cometemos erros ao longo da vida. o que é preciso é aceitar o que deus nos traz, se vais ter um filho, é deus que te entrega esse filho."
o olhar amedrontado da rapariga foi impagável. por esta altura, as restantes pessoas no autocarro já sorriam, vagamente reminiscentes de uns pais ou avós severos.
um senhor dormia no último lugar ao fundo do autocarro. a mulher foi até ele, os passos decididos a combater o ateísmo inconsciente que parecia emanar daquele corpo. "irmão, vem comigo. deixa-me mostrar-te como podes ganhar a tua vida de volta. eu sei que estás desamparado e que ninguém te ama, mas nós que somos irmãos amamo-nos uns aos outros e partilhamos esse amor todos os dias com um sorriso. tens de ter fé!"
o senhor despertou, um odor vagamente alcoolizado e micótico desprendeu-se do seu corpo espreguiçante, e disse: "vá trabalhar como toda a gente! agora cá a pedir nos autocarros..."
ela ignorou-o e começou a pregar indistintamente para uns e para outros, fé para aqui e para ali, amor divino, expulsar os demónios, blá blá blá... o motorista, num sinal vermelho demorado: "ó minha senhora, cale-se lá! isto aqui não é o reino de deus!"
"mas deus está sempre comigo! deus ilumina-me e deus quer estar aqui! deus percebe que vocês precisam todos de ajuda, por isso eu vim!"
foi quando ela olhou para mim. o meu sorriso de orelha a orelha fê-la sentar-se ao meu lado. "irmã, tu não estás sozinha. até podes estar sozinha mas na verdade não estás... porque deus está contigo. não podes é perder a tua fé. eu posso ajudar-te." o meu sorriso manteve-se, as pessoas já gargalhavam.
a vítima seguinte foi uma mãe e seu filho irrequieto, que teimava em tirar-lhe a caneta com que escrevia na sua agenda. a mãe estava perfeitamente calma e era com calma que advertia o filho: “se tornas a tirar-me a caneta, vou ter de te castigar, filho” ou “então, hugo, o que foi que eu acabei de dizer? estás a ser mal-educado e é uma falta de respeito. Se eu respeito o teu espaço, tu tens de respeitar o meu, não falámos já sobre isso?”. o rapaz tinha uns 6, 7 anos.
“irmã, o teu filho precisa de disciplina. e já! deus pode fazer milagres! a fé pode mudar a tua vida, ajudar-te a criar o teu filho com amor e com uma mão firme. se não, vais perdê-lo.”
o rapaz olhava a mulher de olhos esbugalhados sem deixar de se mexer no lugar.
“ó mãe? que é que ela tá a a dizer, não percebo nada!”
“esta criança tem qualquer coisa de errado, ele não consegue parar de se mexer. deus está longe, é preciso salvar esta criança!”

de repente, a evangelizadora apercebeu-se de onde estava e saiu. ao fundo daquela rua fica uma igreja evangélica baptista.
estou em crer que aquela já era uma ovelha tresmalhada.
Blogger Xanusca disse...

heheh lindo. Imagina que eu uma vez apanhei uma que me veio falar do "pecado da fornicação"!!

27/9/06 21:24  
Blogger cassandra disse...

é divertido :)) hoje tou mali: bronquite e afónica. this sucks!

28/9/06 11:46  

diz ...