sinto-me irrequieta - o que, em si, não constitui nada de novo - mas inquieta-me ainda mais o facto de saber por que me sinto assim: em pequena, achava-me muito mais independente que qualquer outra miúda que conhecesse (e os adultos ao meu redor confirmavam esta minha convicção); na adolescência, por motivos que não interessam porque todos os conhecem, achava necessária uma espécie de integração fosse ela social ou emocional, de maneira que comecei a procurá-la literalmente em todo o lado (acredito nos benefícios da experimentação e no conhecimento empírico); agora, parece-me que fiquei parada.
em suspenso.
estou entre dois lençóis muito brancos, muito lavados, ainda com aquele cheiro a sabão natural que agora os detergentes pretendem recriar graças à interacção entre químicos com nomes de 21 caracteres impronunciáveis, e não sei se quero afastar um ou outro lençol ou mesmo algum dos dois. não sei que quero deixar esta calma e esta espera paciente por algo indefinido mas grandioso.
calma e paciência filhas de alguma maturidade recém-adquirida à custa de um brevíssimo momento de lucidez, aquele em que, no silêncio e na escuridão que antecedeu uma manhã há 4 dias atrás, me dei conta de quão errada era aquela sensação juvenil de precisar de alguém e quão certo era o meu instinto de menina.
na verdade, é só e longe que eu quero realmente estar neste momento. a escalar um pico dos andes. a explorar o deserto do kalahari. a descobrir-me numa rua suja no cambodja. a olhar as manchas de verde e cinzento das highlands. ou numa riba do douro perto de um ninho de águias.
em suspenso.
estou entre dois lençóis muito brancos, muito lavados, ainda com aquele cheiro a sabão natural que agora os detergentes pretendem recriar graças à interacção entre químicos com nomes de 21 caracteres impronunciáveis, e não sei se quero afastar um ou outro lençol ou mesmo algum dos dois. não sei que quero deixar esta calma e esta espera paciente por algo indefinido mas grandioso.
calma e paciência filhas de alguma maturidade recém-adquirida à custa de um brevíssimo momento de lucidez, aquele em que, no silêncio e na escuridão que antecedeu uma manhã há 4 dias atrás, me dei conta de quão errada era aquela sensação juvenil de precisar de alguém e quão certo era o meu instinto de menina.
na verdade, é só e longe que eu quero realmente estar neste momento. a escalar um pico dos andes. a explorar o deserto do kalahari. a descobrir-me numa rua suja no cambodja. a olhar as manchas de verde e cinzento das highlands. ou numa riba do douro perto de um ninho de águias.
"na verdade, é só e longe que eu quero realmente estar neste momento"
Nunca me tinha acontecido estar assim a ler um blogue. Costumo fazer um voo picado sobre uma presa escolhida ou deixar-me embasbacado por algo que me seduziu. Mas estar assim, a ler tudo detrás para a frente, nunca me aconteceu. Nem é que me esteja a acontecer alguma desmesurada projecção, alguma identificação. O que se está a passar é que encontrei uma frontalidade, uma honestidade e uma inteligência que eu gostaria sinceramente de ser sócio, quando eu mesmo escrevo. Obrigado
diz ...