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dezembro 03, 2005

no comboio

o casal ao fundo da carruagem partilha um pão de deus que vai sendo esmigalhado pelos dedos artríticos, algo semelhante a satisfação plena a encher-lhes o rosto encovado. o jovem junto da primeira porta da carruagem ouvia música tão alta que todos os restantes passageiros abanavam a cabeça ao ritmo dessa música, entre o funk e o techno, ao invés de tentarem perceber algum acorde da primavera italiana que ecoava junto do ar condicionado. quinta paragem, entra um casal com o seu filho de 4 anos que, mal se senta, ao meu lado, anuncia com um sorriso que, brevemente, iria projectar no ar e em direcção ao chão - assim o esperava eu - o seu lanche calórico proveniente de uma multinacional norte-americana como se percebia pelos resquícios nas suas mãos. desperto do meu devaneio fotográfico e encaro o miúdo. com calma, nada ameaçadora. nova paragem, entra um casal jovem, que se senta do outro lado do corredor, ao lado do meu lugar. ele muito gótico, um anel em forma de escorpião, umas luvas de renda e os olhos delineados a preto. ela era novita, o corpo sem formas, o sorriso despojado e muito espontâneo. de vez em quando, ela dizia qualquer coisa ao ouvido dele e ele sorria e beijava-lhe a testa. doçura.
o miúdo acabou por não vomitar dentro do comboio, mas no cais do sodré, a fatalidade acabaria por atingi-lo.