lembro-me do espetáculo matinal que o meu Babo montava para a criançada: ia até ao quintal, com o seu chapéu surrado e roupa interior amarelada - mas nunca suja - pelo desgaste de décadas, pisando ora uma alface, ora uma galinha, espreguiçava-se e da sua maleta de viagem de cor e estilo incertos retirava uma tigela lascada, um sabão azul e branco e a sua lâmina de barbear desdobrável. por fim, com gestos dramáticos, retirava de uma abertura forçada no tecido do tampo interior da maleta um espelho duplo, redondo e estalado, que ele pendurava na corda onde a minha mãe estendera a roupa.
e entre lençóis, ceroulas e muitas meias e cuecas em miniatura, o meu Babo fazia a barba como se do mais sagrado ritual se tratasse, como se tivesse todo o tempo do mundo, e sorria, desdentadíssimo, para os netos que o adoravam.
e entre lençóis, ceroulas e muitas meias e cuecas em miniatura, o meu Babo fazia a barba como se do mais sagrado ritual se tratasse, como se tivesse todo o tempo do mundo, e sorria, desdentadíssimo, para os netos que o adoravam.
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