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dezembro 12, 2005

um comentário no blogcafé após leitura amiga

"não leio n. sparks e espero nunca vir a ler, mas a verdade é que é uma escolha, como qualquer outra, limitada pelo conhecimento que a pessoa que escolhe tem. e olha que cada vez mais as pessoas compram dostoievski e até sabem pronunciar o nome de forma correcta. na maior parte das vezes, na livraria onde trabalho, o leitor de dostoievski passa despercebido porque inteligente e conhecedor da orgânica de uma livraria. o leitor de sparks é um infeliz, é certo, mas olha, lê. e dá-se por feliz por isso."

a verdade, vincent, é que poucos perceberão a evolução que o objecto livro teve nestes últimos 5 anos em portugal. os editores perceberam, os escritores de best-sellers idem. mas aquele que, em média, lê 1 livro/2 meses, que compra 2 livros/mês, dificilmente perceberá o fenómeno.
actualmente, o livro é um objecto de compra com um potencial de marketing fabuloso. quem não vê isso é idiota.
se não, vejamos: qualquer actriz de meia-idade que já não tem pachorra para aparecer em novelas rodeada de uma juventude bonita a valer e sem vícios adquiridos ao longos de novelas a mais tem histórias infindáveis para contar (ainda que sejam aborrecidas ou demasiado limitadas, em termos de conteúdo, ou cujo público-alvo seja igualmente limitado).
essa pessoa, que tem uma série de conhecimentos sociais que nos passam ao lado, decide falar com uma amiga que almoça de vez em quando com um editor conhecido do marido.
duas semanas ou alguns meses depois - depende sempre se há alguma novela prestes a estrear, uma peça de teatro relevante ou um anúncio publicitário chamativo -, sai o livro, fresquinho, abateram-se umas quantas árvores (sim, que cá em portugal, ninguém na indústria livreira faz ideia do que é a reciclagem de papel).
é ver o livrito sair dos expositores das livrarias a velocidades star trekkianas! é que a peça estreou finalmente! e o anúncio está bem esgalhados, imagine-se! e afinal a história até se lê bem e tal e uma diz à amiga que diz à outra, que fala à colega de trabalho e daí a pouco um departamento administrativo qualquer anda a ler o mesmo livro. olha, e deu uma entrevista e tudo! na tv!
fica feliz a livraria que facturou, fica feliz o editor que pôde lucrar alguma coisa a partir do nada - é preciso dizê-lo -, fica muito feliz a autora que, pequenina, queria ser bailarina, e um dia tropeçou ao som de tchaikovski e o movimento das pernas nunca mais foi o mesmo. não fica feliz a pessoa que, por detrás do balcão, na livraria, vê ser vendido mais um monte de folhas que podiam limpar o rabo a um punhado de gente que, nas casas de banho das estações de comboio, às vezes, não encontram papel higiénico.

é assim, meus caros. o livro existe porque as pessoas querem ler. há que vendê-lo. mais, há que fazer por vendê-lo, a todo o custo, não importa a qualidade. disso ajuizará quem compra. ou não, tudo depende da capacidade de auto-análise que o leitor tiver...
o que é certo é que, na mesma medida em que dan brown (a minha gata - se soubesse escrever - demonstraria mais lógica e imaginação na escrita que ele), nicholas sparks ou isabel allende atraem leitores como o estrume atrai moscas varejeiras, outros autores, que muitos considerarão como clássicos ou consagrados, vão sendo cada vez mais procurados e com um apetite saudável, sabem? já não perguntam a medo pelo dostoievski ou pelo musil ou pelo zamiatine (na verdade, tratam-nos por "tu", uma familiaridade a que não me habituei ainda). não, perguntam com uma certeza no tom da voz e no olhar: gostaram do que leram, e querem ler mais.

estou grata todos os dias por existirem clientes desta última estirpe.
Blogger Salsa Latrina disse...

O post era grande mas cheguei ao fim. Isso dá-me a desculpa para nos próximos 2 meses não ler livro nenhum.

14/12/05 00:41  

diz ...