hoje cometi uma loucura.
primeiro, tenho de deixar claro que o contexto socio-económico em que cresci permitiu-me crescer sem consciência do que é possuir dinheiro: não sei o que é crescer com todas as bonecas do mercado, mas sei o que é andar de bicicleta no campo e aprendi a vindimar.
segundo, sempre acreditei, desde pequena, que tenho de lutar para conseguir o que quero e que nada me cairá no colo sem esforço e determinação e que uma boa dose de imaginação nos pode levar mais longe que os convencionalismos.
terceiro, aprendi a costurar com a minha mãe quando era miúda (mas nunca cheguei a aprender a cozinhar, só invento coisas estranhas com ingredientes impensáveis), pelo que ainda hoje faço roupa para mim e de vez em quando compro roupa feita, preferencialmente em feiras (gosto da sensação de roupa usada e amada por pessoas antes de mim).
dito isto, hoje cometi uma loucura: comprei umas calças de lã que me ficavam obscenamente lindas pela módica quantia de 144 € arquitectadas por uma estilista nacional de quem nunca tinha visto nada tão vestível.
agora, o episódio em si:
eu só estava a passar por aquela rua por que fui levar comida ao gato de uma amiga que está fora. na montra, vejo aquelas benditas calças de um vermelho cor-de-sangue.
entro na loja (com as minhas calças de ganga já gastas e uma blusa manhosa), peço para ver as calças e a gaja (isto vai piorar) diz-me que já só tem aquele que está na montra, um 34 e que, por isso, não me devia servir!
o sangue subiu-me à cabeça, como é óbvio! como é que uma criatura daquelas, com um metro de cintura e uns troncos no lugar de pernas tem o desplante de ser tão arrogante.
eu sorri e, como sempre acontece quando me tratam assim, chamei-a de "querida" (no meu dialecto tem o valor de um insulto): "pois a mim, querida, parecem-me até um pouco largos demais para mim... não se importa de as tirar da montra...?"
cheia de uma má vontade repugnante, a criatura insípida lá o fez e eu levei as calças para um provador impessoal onde experimentei um verdadeiro orgasmo visual. aquela calça tinha sido feita para mim. e estava a chamar o meu nome :)
saí e ela praticamente arranca-me as calças da mão.
"querida, vou levá-las."
e foi assim que eu comprei as calças mais bonitas que já vi, extremamente simples mas muito bem cortadas. é claro que os portugueses são, na sua maioria, uns grandes hipócritas e preconceituosos. ao descer a garrett, entrei em duas lojitas e trataram-me como se fosse uma herdeira qualquer excêntrica só porque trazia na mão um saquito a dizer fátima lopes.
primeiro, tenho de deixar claro que o contexto socio-económico em que cresci permitiu-me crescer sem consciência do que é possuir dinheiro: não sei o que é crescer com todas as bonecas do mercado, mas sei o que é andar de bicicleta no campo e aprendi a vindimar.
segundo, sempre acreditei, desde pequena, que tenho de lutar para conseguir o que quero e que nada me cairá no colo sem esforço e determinação e que uma boa dose de imaginação nos pode levar mais longe que os convencionalismos.
terceiro, aprendi a costurar com a minha mãe quando era miúda (mas nunca cheguei a aprender a cozinhar, só invento coisas estranhas com ingredientes impensáveis), pelo que ainda hoje faço roupa para mim e de vez em quando compro roupa feita, preferencialmente em feiras (gosto da sensação de roupa usada e amada por pessoas antes de mim).
dito isto, hoje cometi uma loucura: comprei umas calças de lã que me ficavam obscenamente lindas pela módica quantia de 144 € arquitectadas por uma estilista nacional de quem nunca tinha visto nada tão vestível.
agora, o episódio em si:
eu só estava a passar por aquela rua por que fui levar comida ao gato de uma amiga que está fora. na montra, vejo aquelas benditas calças de um vermelho cor-de-sangue.
entro na loja (com as minhas calças de ganga já gastas e uma blusa manhosa), peço para ver as calças e a gaja (isto vai piorar) diz-me que já só tem aquele que está na montra, um 34 e que, por isso, não me devia servir!
o sangue subiu-me à cabeça, como é óbvio! como é que uma criatura daquelas, com um metro de cintura e uns troncos no lugar de pernas tem o desplante de ser tão arrogante.
eu sorri e, como sempre acontece quando me tratam assim, chamei-a de "querida" (no meu dialecto tem o valor de um insulto): "pois a mim, querida, parecem-me até um pouco largos demais para mim... não se importa de as tirar da montra...?"
cheia de uma má vontade repugnante, a criatura insípida lá o fez e eu levei as calças para um provador impessoal onde experimentei um verdadeiro orgasmo visual. aquela calça tinha sido feita para mim. e estava a chamar o meu nome :)
saí e ela praticamente arranca-me as calças da mão.
"querida, vou levá-las."
e foi assim que eu comprei as calças mais bonitas que já vi, extremamente simples mas muito bem cortadas. é claro que os portugueses são, na sua maioria, uns grandes hipócritas e preconceituosos. ao descer a garrett, entrei em duas lojitas e trataram-me como se fosse uma herdeira qualquer excêntrica só porque trazia na mão um saquito a dizer fátima lopes.
Loucura?? Loucura era não as teres comprado!!
lá no carrefour tratam-me bem... mas também lá é tudo muito mais mecânico. tb tu deste so uma hipotese e atacaste logo, a senhora podia ser fraca de vista.
:))
diz ...