voi ch'ascoltate: sono arrivata [iv]
quando percebeu que ela se aproximava, recuou um passo.
- tens medo de mim? sou uma mulher.
- dizes-me onde estou?
- se prometeres fazer o que te pedir...
ele olhou em redor. a cozinha parecia-lhe inofensiva. a luz começava agora a irritá-lo. a anca dela agigantava-se na parede e um seio trémulo tocava-lhe a sombra do braço.
- prometo que farei o que quiseres se me indicares a saída.
- dir-te-ei tudo o que quiseres... depois. prometo.
ela afastou uma cadeira da mesa e, com um menear da cabeça, pediu-lhe que se sentasse nela.
um calor húmido molestava-lhe as costas. não queria sentar-se e expôr-se ainda mais, mas sentou-se. pareceu-lhe que emagrecera desde que ali chegara. arranhou as coxas, quis arrancar a sua carne, mas a mão dela segurou-lhe o gesto. a mão dela, quente, cheirava a manteiga e a sol. sem saber como, como se uma nuvem negra lhe toldasse o raciocínio, viu a sua língua lamber-lhe a palma da mão, provar-lhe o cheiro adocicado. pensou que a vira sorrir, mas um olhar mais atento não vislumbrou qualquer alteração nas suas feições sérias.
ela contornou a cadeira até que ele a não visse.
- consegues sentir-me aqui, atrás de ti?
- sim...
- sentes o meu cheiro?
sem resposta, ele fingiu prestar atenção a um insecto inexistente.
subitamente, percebeu que ela lhe atava as mãos atrás das costas. "a corda!", pensou e nova vaga de suor frio lhe percorreu o corpo. mexeu-se timidamente, a princípio. depois, ergueu-se, com um salto, a cadeira feita apêndice. encarou-a com fúria impensada.
- lembra-te do que me prometeste.
quando percebeu que ela se aproximava, recuou um passo.
- tens medo de mim? sou uma mulher.
- dizes-me onde estou?
- se prometeres fazer o que te pedir...
ele olhou em redor. a cozinha parecia-lhe inofensiva. a luz começava agora a irritá-lo. a anca dela agigantava-se na parede e um seio trémulo tocava-lhe a sombra do braço.
- prometo que farei o que quiseres se me indicares a saída.
- dir-te-ei tudo o que quiseres... depois. prometo.
ela afastou uma cadeira da mesa e, com um menear da cabeça, pediu-lhe que se sentasse nela.
um calor húmido molestava-lhe as costas. não queria sentar-se e expôr-se ainda mais, mas sentou-se. pareceu-lhe que emagrecera desde que ali chegara. arranhou as coxas, quis arrancar a sua carne, mas a mão dela segurou-lhe o gesto. a mão dela, quente, cheirava a manteiga e a sol. sem saber como, como se uma nuvem negra lhe toldasse o raciocínio, viu a sua língua lamber-lhe a palma da mão, provar-lhe o cheiro adocicado. pensou que a vira sorrir, mas um olhar mais atento não vislumbrou qualquer alteração nas suas feições sérias.
ela contornou a cadeira até que ele a não visse.
- consegues sentir-me aqui, atrás de ti?
- sim...
- sentes o meu cheiro?
sem resposta, ele fingiu prestar atenção a um insecto inexistente.
subitamente, percebeu que ela lhe atava as mãos atrás das costas. "a corda!", pensou e nova vaga de suor frio lhe percorreu o corpo. mexeu-se timidamente, a princípio. depois, ergueu-se, com um salto, a cadeira feita apêndice. encarou-a com fúria impensada.
- lembra-te do que me prometeste.
Tenho a impressão que as ideias feitas são-no com cimento tal é dificil removê-las. Para alguns, só "forçando" se descobre o prazer que há em transferir a vontade para o outro. Por vezes, funciona...
diz ...