<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6455201\x26blogName\x3dsomatos+\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://somatos.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://somatos.blogspot.com/\x26vt\x3d4741292353555344611', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

setembro 21, 2004

reescrita i

chove lá fora e diluvia-se-me a raiva cá dentro. sei que estas minhas mãos querem sentir aquela carne palpitante ceder a um calor desprovido de mansidão. o vento sussurra por entre as canas junto ao rio.

sibele está na ilha há dois dias. no primeiro dia, vi-a entrar na pensão junto ao posto dos correios; no segundo, segui-a. comprou um quilo de maçãs e um pão integral. o sol já se punha, quando segui, de longe, os seus passos no pequeno areal perto do porto. por onde passava, deixava marcas nas pessoas, que, imediatamente, começavam a usá-la como tema de conversa. alheia à frivolidade da população local, ela sentou-se na esplanada do café berthe.
o empregado corou quando ela lhe roçou o braço enquanto pedia uma chávena de café. tirou os óculos de sol que lhe desfiguravam o rosto e sacudiu a cabeleira cheia de negrura e de brilho.
sem sequer olhar para a estrada, atravessei a rua que nos separava, aproximei-me da mesa dela e à pergunta “posso sentar-me?”, ela apenas encolheu os ombros e acendeu um cigarro sem desviar o olhar do meu. imediatamente, soltou uma baforada de nicotina e alcatrão que intentou disfarçar a expressão indiferente das rugas sob um par de olhos cansados.
- a polícia ainda te considera a principal suspeita?
o imberbe empregado abeirou-se da mesa, com o papel da conta numa mão insegura, e sibele sorriu-lhe enquanto sacudia a cinza do cigarro e tirava uma nota de uma carteira de pele vermelha bastante usada.
- sou suspeita, sim. se sou a principal ou não, não saberia dizê-lo. sou suspeita porque gosto de homens, de dinheiro e de liberdade. – o riso que se seguiu soou como um chicote no ar fresco. – mas qualquer um pode ser um assassino. – ela apontou um velho de bermudas que passeava o seu rafeiro preferido no passeio oposto.