há uma semana atrás, ele tinha-a morto.
com o cutelo que ela usara para cortar os bifes que comeram ao jantar. cortara-a em pedaços cada vez mais pequenos e deixou-os a secar em cima do lava-loiças durante os dias que se seguiram. depois lavou-os com álcool e colocou uns quantos pedaços num saco, outros tantos num outro saco, até não restar nenhum pedaço. colocou tudo dentro do saco desportivo dos seus tempos de praticante de halterofilismo.
limpou a cozinha com amoníaco, o cheiro desinfectante a trazer-lhe memórias de uma infância distante e feliz.
lembrou-se de fazer um bolo de canela e levar umas fatias generosas à sua avó que vivia no outro lado da cidade.
uma ideia puxou outra e acabou por decidir levar também a sua mulher em pedaços para o outro lado da cidade. a incineradora era perto e acabava por resolver dois problemas num só dia.
na verdade, a avó dele andava sempre a dizer-lhe que a mulher que ele tinha em casa era uma vadia, que nunca devia ter-se casado com ela, que ela o traía com todos os que apareciam nas noites em que ele andava por fora. era camionista e vinha a casa não muito frequentemente.
é claro que, quando chegava a casa, preferia não encontrar a sua mulher a ser enrabada pelo talhante, que até lhe devia algum dinheiro.
se tivesses dito que tu tinhas gostado muito de o ler, teria mais curiosidade... assim, vou ver se o apanho na livraria, quando tiver tempo... :)) quanto à história, o antes e o depois fica a cargo de quem lê. a leitura faz a história, não te parece? a propósito, não tem continuação.
diz ...